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Jornalista, comenta na Globo e é cofundadora do Dibradoras, canal sobre mulheres no esporte.

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Renata Mendonça

União de jogadores poderia marcar ações efetivas de combate à violência no futebol

Episódios como os da última semana podem escalonar para uma tragédia com vítimas fatais

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Pode não haver resposta certa para a pergunta que todos nós amantes do futebol fizemos nesta semana. O que podemos fazer para acabar com tantos episódios de violência e barbárie de torcidas/torcedores? Mas fato é que a única resposta errada é a que temos dado nos últimos tempos. Fazer nada não pode ser mais uma opção.

Chegamos num ponto em que deixar passar mais um (ou uns, como foi o caso do fim de semana) episódio como esse pode escalonar os próximos eventos para uma tragédia com vítimas fatais.

Na quinta-feira (24), o Bahia foi alvo de um atentado ao ônibus que levava seus jogadores para uma partida da Copa do Nordeste. Houve feridos, o principal deles o goleiro Danilo Fernandes que precisou ir para o hospital. E o que aconteceu? A bola rolou.

Villasanti, jogador do Grêmio, depois de ataque com pedras ao ônibus do clube - @Gremio no Twitter/Reprodução

No mesmo dia, a van com jogadores do Náutico também foi atacada por torcedores. Ainda bem, ninguém ficou ferido. No sábado (26), o jogo que marcou o rebaixamento do Paraná para a segunda divisão do Paranaense teve torcedores invadindo o gramado para agredir jogadores.

Neste mesmo sábado, o ônibus do Grêmio foi o alvo de pedras arremessadas por torcedores do Inter. O paraguaio Villasanti foi atingido, sofreu traumatismo craniano e foi para o hospital. O Grêmio se recusou a entrar em campo para o Gre-Nal, que foi adiado.

O Cascavel também viu seu ônibus ser apedrejado saindo de um jogo contra o Maringá. Em quatro dias, cinco episódios absurdos de violência tendo jogadores como alvo em partidas de competições regionais.

Alguns deles se manifestaram nas redes sociais. "Rivalidade, zoeiras, piadas, tudo isso sempre fez parte do nosso futebol! Agora o que eu não consigo entender, é o motivo de colocar a integridade física de uma pessoa, seja ela quem for, por conta de uma ‘paixão’ ou ‘rivalidade’ do esporte! O próximo passo é uma tragédia…", escreveu o meio-campista Zé Rafael, do Palmeiras.

"É inadmissível o que aconteceu com o Grêmio e o que vem acontecendo no Brasil. Quem trabalha com futebol precisa ter segurança apra exercer sua profissão. Quem torce, precisa ter segurança para exercer sua paixão. Algo precisa ser feito. CHEGA! Queremos PAZ", postou o zagueiro gremista Geromel.

Fico imaginando se, além dessas postagens, os jogadores têm conversado entre si sobre a escalada de episódios de violência no futebol e articulado algum movimento para demonstrar publicamente essa insatisfação. Porque, ao longo dos últimos anos, temos visto com alguma frequência casos inadmissíveis que colocam em risco a segurança dos jogadores –invasão de torcedores em treino (com arma, inclusive, como aconteceu no Figueirense em 2020), atentados a ônibus de jogadores (aconteceu com o São Paulo no início de 2021), mas talvez nunca tenhamos visto tantos episódios em sequência deixando até mesmo jogadores feridos.

Lembro que, em 2013, pela primeira vez vimos jogadores de futebol se articularem em reivindicações por direitos sobre férias, calendário, atraso de salário etc. O Bom Senso FC foi um marco no futebol brasileiro e conseguiu levantar debates importantes –que, inclusive, ocasionaram mudanças no calendário. Talvez seja o momento de os jogadores retomarem essa união. Conversarem entre si, agirem em favor da sua própria integridade física. A atitude deles pode despertar clubes e autoridades a efetivamente fazerem algo para combater esses casos de violência que já foram tão "naturalizados" no futebol.

É claro que a situação exige um debate amplo de todas as partes envolvidas para que atitudes sejam tomadas: clubes, federações, órgãos de segurança, imprensa, atletas, todos precisam entender seu papel nisso. Mas os jogadores nesse momento estão no olho do furacão. A união deles é importante demais nesse momento.

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