Escritora e roteirista de cinema e televisão, autora de “Depois a Louca Sou Eu”.
Mamãe Neura: Assexuada
A quarentena pós-parto acabou e agora é hora da tão sonhada e esperada noite de sexo tórrido
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Seu obstetra provavelmente virá com o papinho: “Já pensou no método contraceptivo?”. Seu cônjuge quem sabe venha com a conversinha: “Eita que vai acabar a seca!”. Suas amigas tão puérperas quanto você talvez adorem contar vantagem sobre uma fuga louca e selvagem para um fim de semana incrível e ensolarado no qual ela, o maridão e a ousadia se entregaram a um ménage sem descanso.
Calma! Para começar, mãe de bebê pequeno que chama o marido de “maridão” está mentindo deslavadamente. A real é que, durante as madrugadas de mamadas infinitas, temos ódio mortal até dos melhores parceiros e nos sentimos sozinhas mesmo com eles grudados na gente. E a seca, no sentido mais literal possível, impera em quem é lactante, o que torna complicado profanar sem a ajuda de certo gel à base de água.
Pode ser que eu esteja falando besteira, e você, mamãe libidinosa, não consiga nem esperar sair da maternidade para promover a dança do amor. Que maravilha ser tão a fim da coisa, Deus te salve e guarde! Mas talvez um pênis agora seja tão desejável na sua vida quanto uma ligação de telemarketing com a voz do Moacyr Franco tentando te vender ômega 3.
Não se cobre, culpe, pressione. Não escute sua tia Carminha falando que desse jeito “ele vai arrumar amante”. Se existe uma demanda para mergulhar de corpo e alma nas fraldas do seu bebezinho, feche os olhos (e talvez as narinas) e vá com tudo. Se existe um desejo estranhíssimo de ser apenas “meio mal-arrumada e um tanto cansada e bastante assexuada” agora, abrace-o. Você transou por toda uma vida e ainda voltará a transar por todo o resto dela. Você pegou geral, você já dava um google em HPV antes de todo mundo saber o que era Google e o que era HPV. Às vezes é preciso conjugar o verbo dar dando tempo ao tempo.
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