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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Descrição de chapéu Rússia

Brasil importa 8% menos fertilizantes, mas gasta 104% a mais

Compras externas recuam para 5,25 milhões de toneladas no bimestre, mas consomem US$ 2,8 bilhões

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Os dados da balança comercial, divulgados nesta quinta-feira (3) pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior), indicam como este será um ano difícil para agricultores e para consumidores.

O Brasil mantém um ritmo acelerado nas exportações, mas o que está entrando no país vem com preços bem mais elevados do que os de há um ano.

Já havia uma tendência de alta nos preços dos alimentos e dos insumos agrícolas no mercado internacional, o que reflete também internamente. Com a guerra da Rússia e da Ucrânia, porém, o ritmo dos reajustes é mais intenso.

Os fertilizantes são o principal exemplo desta aceleração. A indústria reduziu o volume importado desses insumos para 5,25 milhões de toneladas nos dois primeiros meses deste ano, uma queda de 8,2% em relação a janeiro e fevereiro de 2021.

Terminal de fertilizantes no porto de Santos (SP) - Moacyr Lopes Junior-25.ago.2014/Folhapress

Os gastos, no entanto, subiram para US$ 2,8 bilhões no primeiro bimestre, 104% a mais do que em igual período do ano passado, segundo os números da Secex.

Considerando-se apenas os dados de fevereiro, o aumento de preço é ainda mais expressivo. O custo da tonelada, conforme a média dos produtos importados, é 129% superior ao de fevereiro de 2021.

O trigo, um dos principais alimentos importados pelo Brasil, também segue a mesma tendência. As importações subiram 5% em volume, mas os gastos aumentaram 14% no mês passado.

As importações de agroquímicos atingiram 76 mil toneladas nos dois primeiros meses, com aumento de 78% em relação a igual período do ano passado. Os gastos, contudo, subiram para US$ 674 milhões, com aumento de 104%.

Do lado das exportações, as carnes mantêm bom ritmo. Nos dois primeiros meses do ano, as vendas externas acumularam US$ 3 bilhões, com alta de 45% em relação ao valor financeiro do mesmo período do ano passado.

A maior evolução ocorreu com a carne bovina, que atingiu US$ 1,62 bilhão no bimestre, bem acima dos US$ 948 milhões de igual período de 2021.

A tonelada foi negociada, em média, a US$ 5.591, com aumento de 23,2% sobre o valor do ano anterior. China, Estados Unidos e Egito se destacam nas importações do produto brasileiro.

As exportações de soja, com o avanço da colheita, começam a deslanchar. No mês passado, o país colocou para fora de suas fronteiras um volume de 6,27 milhões de toneladas, um volume recorde para o mês. O acumulado do bimestre soma 9,72 milhões no bimestre.

A soja vem mantendo uma escala de preços nos últimos meses. Os atuais são 28% superiores aos de há um ano.

As exportações de milho perderam ritmo, devido à quebra da safrinha em 2021 e da safra de verão neste ano.

Os exportadores colocaram apenas 1,3 milhão de toneladas no mercado externo deste cereal nos meses de janeiro e fevereiro, bem abaixo dos 3,1 milhões de igual período do ano passado.

Ainda aquecidos Os produtos agrícolas, devido à guerra da Rússia e da Ucrânia, mantêm aceleração de preços no mercado externo há vários dias.

Trigo O contrato de maio do cereal fechou a US$ 11,34 por bushel (27,2 kg) nesta quinta-feira, na Bolsa de Chicago, com aumento de 7,1% no dia. A alta do produto ocorre devido à importância dos dois países envolvidos na guerra no mercado internacional de trigo.

Milho A alta no dia foi de 3,1%, com o contrato de maio subindo para US$ 7,48 por bushel (25,4 kg). A soja, que chegou a atingir US$ 16,99 por bushel (27,2 kg), terminou o pregão em US$ 16,68, com alta de apenas 0,3%.

Açúcar O novo patamar do preço do petróleo, que fechou a US$ 106,3 nos Estados Unidos, vem dando sustentação ao açúcar, uma vez que o produto disputa a cana-de-açúcar com o etanol.

Carne cultivada O assunto passou a ser política de Estado na China, que pretende produzir esse tipo de proteína em escala comercial a partir de 2027. Com isso, a China se empenha na construção do futuro dos alimentos, segundo Mirte Gosker, diretora do The Good Food Institute Asia Pacific.

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