Comentarista e ex-jogador. É autor, com Gilvan Ribeiro, de "Casagrande e seus Demônios", "Sócrates e Casagrande - Uma História de Amor" e "Travessia"
Neste Natal, prioridade deve ser quem tem fome
Toda a sociedade, inclusive o futebol, deve sair de sua bolha e ajudar
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Estamos de cara com o Natal, e fico imaginando o que os 35 milhões de brasileiros que estão em plena pobreza pensam de tudo o que veem e ouvem.
Na verdade, antes de pensarem, eles desejam poder se alimentar junto com seus familiares.
É povo que sofre muito, gente que dá um duro danado para conseguir qualquer coisa e poder levar para casa. Chegar com as mãos vazias e olhar para a mesa, sem ter nada para comer, dever ser desesperador.
Essas pessoas se esforçam ao máximo, e não é para saborear um "churrasco folheado a ouro", como pensa o pentacampeão Ronaldo Fenômeno, mas sim para ter pelo menos um pedaço de carne, um pãozinho, arroz, feijão, para se sentir pertencentes à sociedade –que é cruel e perversa.
O Natal está aí, e o que será que o Papai Noel terá no saco vermelho para dar a essas pessoas sofridas?
Se eu tivesse algum poder mágico, eu traria dignidade, reconhecimento, oportunidades, emprego, uma casa, condição mínima de higiene.
Traria um governo que pense em primeiro lugar em quem realmente precisa dele.
Esses empresários que gastaram e continuam gastando milhões para incentivar um golpe, que financiaram motociatas e colaboraram com a máquina do gabinete do ódio, será que agora vão ajudar os pobres com o mesmo empenho?
O senhor Luciano Hang, da Havan, o que fará?
O senhor Coco Bambu fará alguma coisa para quem não tem comida nem Natal?
Espero que façam algo verdadeiramente importante para a sociedade.
A senhora senadora Damares está preocupada com as crianças da ilha de Marajó, que ela envolveu num conto macabro sem provar nada do que falou?
Senhor senador Mourão, além de incentivar o golpe, está pensando em algo útil e valioso para as pessoas necessitadas neste Natal?
E o ainda presidente Jair Bolsonaro continuará calado, só colocando comparsas para dentro do governo e, como sempre, nem se preocupando com quem tem fome por causa da sua incompetência e maldade?
Onde estão todos os líderes bolsonaristas?
Será que haverá panetones nas portas dos quartéis?
Os clubes e os jogadores brasileiros poderiam se organizar e fazer algo como o Manchester City, que levou Haaland e o Mahrez para visitar a área infantil de um hospital da cidade. Amor, acolhimento, empatia e carinho, muitas vezes e em alguns lugares, são mais importantes que dinheiro.
Em 2023, terá início um novo governo que, espero, pensará realmente em todos os brasileiros. Mas a prioridade, vamos torcer, será de quem está em plena miséria.
Será que o futebol deixará de ser egoísta e ostentador, para usar suas vozes importantes em favor da luta contra os preconceitos?
São tantas perguntas, mas de respostas fáceis.
É só "sim" ou "não"!
Sim, seremos um país unido para nos colocar no lugar do outro e ter empatia e solidariedade, mas com atitude.
Não, vou querer atrapalhar esse governo porque sou egoísta, perverso, e o "mito" perdeu as eleições, então, que se danem os pobres.
O futebol está dentro da sociedade mundial, e não existe o "universo do futebol".
Por isso, espero que os clubes, jogadores, federações e confederações entendam que o mundo precisa de ídolos do bem.
Temos que dar um basta nos ídolos ostentação e cheios de modinhas. É preciso colocar-se com relevância dentro da sociedade, não só ficar assistindo de camarote à destruição, como fizeram nestes últimos quatro anos.
O Brasil precisa recuperar os princípios e valores da sociedade, e, obviamente, o esporte pode e deve ajudar nesse processo difícil.
Futebol, solte de vez a sua voz.
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