Walter Casagrande Jr.

Comentarista e ex-jogador. É autor, com Gilvan Ribeiro, de "Casagrande e seus Demônios", "Sócrates e Casagrande - Uma História de Amor" e "Travessia"

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Walter Casagrande Jr.

A democracia, a verdade, a liberdade, a paz e o amor venceram no Brasil

O gol que fizemos neste dia 30 vai ressoar por muito tempo, mas esse governo nefasto irá criar caos até a posse de Lula

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Comecei o dia apreensivo e fui votar logo cedo. Chegando lá, tudo mudou.

As pessoas se cumprimentavam, me abraçavam e pediam para tirar fotos, mas não pelo meu passado como jogador, não pelos comentários que faço sobre futebol, e sim por ser um combatente pela democracia.

Era o que as pessoas falavam quando se aproximavam, e isso me emocionou muito.

Apoiadores do presidente eleito, Lula, se concentram na avenida Paulista no domingo do segundo turno - Bruno Santos/Folhapress

Acordei sensível. Afinal de contas, foram quatros anos assistindo à destruição do país com as mãos atadas.

Coração apertado, muitas vezes batia um desânimo, mas, ao mesmo tempo, vinha uma força de dentro, com a minha cabeça me falando: "Não, você faz parte da resistência. E, se você conseguiu vencer um inimigo muito mais cruel, que foram as drogas, não será uma turma carregada no ódio que irá vencer o amor que você tem dentro de você".

É isso que me fazia levantar a cabeça e ter confiança.

Votei com a segurança que tive para fazer o último gol na final de 1982 contra o São Paulo, no primeiro título da Democracia Corintiana.

Agora, sentado e respirando aliviado, eu me lembro dessa cena. E me dá vontade de correr e comemorar esse gol que fizemos nesse dia 30.

Passei o dia muito confiante e esperando a nossa virada. Sabia que quando isso acontecesse, não perderíamos mais.

Foi muito apertado, mas muito prazeroso também.

Aconteceram diversas tentativas para tumultuar o processo eleitoral, como ameaças de empresários aos seus funcionários, mentiras e fake news o tempo todo, obra desse governo covarde.

Teve terrorismo de Roberto Jefferson, dando 50 tiros de fuzil e jogando três granadas na Polícia Federal.

E, na véspera da votação, aquele absurdo da violência exibida pela deputada federal Carla Zambelli, que terá que pagar por isso.

Neste domingo da votação, houve ainda ações da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e do Exército, que podem ter dificultado a chegada de eleitores aos locais de votação, principalmente no nordeste, onde Lula tinha grande vantagem.

Mesmo com esse jogo sujo, Lula venceu.

A democracia, a verdade, a liberdade, a paz e o amor venceram no Brasil.

Mas esse governo nefasto irá criar um caos ainda maior até o dia da posse do presidente Lula, marcada para 1º de janeiro de 2023.

Vamos ter trabalho para reconstruir o país, mas irá valer muito a pena.

A Amazônia vai começar a respirar, e o mundo também.

Os povos indígenas vão viver no novo governo, e não sobreviver a duras penas, como vem acontecendo nesse perverso governo Bolsonaro.

O Lula terá que diminuir o número de armas nas ruas, para a nossa segurança.

Estou aliviado, feliz, com um sentimento de amor enorme no meu coração.

Fui atacado covardemente e com muito preconceito por quatro anos sem parar, não só por apoiadores, mas também por familiares do clã Bolsonaro.

Tentaram me amedrontar. Recebi ameaça em diversas ocasiões, até nos comentários dos meus textos, mas nada nessa caminhada fez com que eu deixasse de lutar pela democracia.

A nossa luta é sem violência. As nossas armas sempre serão a verdade e as urnas.

Infelizmente, estamos vendo um número enorme de fascistas espalhados pelo país, mas vão ter que engolir essa derrota.

Podem puxar os cabelos, porque a democracia venceu.

Estou orgulhoso de ter feito parte de um número enorme de pessoas (públicas ou não) que se entregaram totalmente para essas eleições. E vencemos.

Você está com raiva porque perdeu, Jair? E daí?!

Termino com um trecho da música "Serrado", do maravilhoso Djavan:

"Sei, serei feliz de novo,

Meu povo deixa eu chorar com vocês."

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