Coluna assinada por Walter Porto, editor de Livros.
Entenda se, afinal, os livros ficaram mais caros ou não neste último ano
Política agressiva de descontos no mercado virtual tem afetado os lucros e o tabelamento de preços
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A impressão de que os livros encareceram neste ano de coronavírus tem encontrado eco em muitos leitores ávidos.
Quando se olha o quadro geral de forma fria, a ideia perde força. Segundo o balanço anual da consultoria Nielsen, feito com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, o preço médio do livro caiu 1,34% de 2019 para 2020.
Mas boa parte disso se deve a uma política de descontos agressiva praticada por causa da pandemia. A variação no desconto médio saltou 4,5 pontos percentuais de um ano para outro.
As informações de outra consultoria especializada da área, a GfK, mostram conclusões semelhantes. Os preços cheios dos livros, ou seja, os valores de capa, subiram 9% de 2019 para 2020. Mas os preços praticados de fato, ou seja, já com descontos, caíram 2%. A inflação acumulada de 2020, vale pesar, foi de 4,52%.
O faturamento do mercado editorial subiria 5,3% se os preços cheios fossem praticados, segundo cálculo da Nielsen, mas na realidade ele teve queda de 0,5% com o efeito das promoções.
Não é segredo que a venda de livros, desde o começo da pandemia, tem se escorado no varejo virtual. Gigantes como Amazon e Magazine Luiza, que têm maior variedade de produtos, são capazes de incrementar promoções e têm boa responsabilidade pelos números apresentados nesta coluna.
A questão é que, como boa parte do mercado continua online, as editoras ainda contam que os livros serão vendidos a preços menores que os sugeridos. E, em alguns casos, já tabelam nos lançamentos valores maiores, prevendo a permanência dos descontos nestes tempos delicados.
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