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Coluna assinada por Walter Porto, editor de Livros.

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Quatro Cinco Um assume a operação da editora Tinta-da-China no Brasil

Braço da prestigiosa casa portuguesa agora será um selo ligado à revista literária de Paulo Werneck

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A operação brasileira da Tinta-da-China, uma das mais prestigiosas editoras de Portugal, passa neste mês ao controle da Associação Quatro Cinco Um, que publica a revista literária homônima.

A casa europeia possui um braço no Brasil há nove anos e editou por aqui 47 títulos, de autores canônicos como Fernando Pessoa, Agustina Bessa-Luís e Sophia de Mello Breyner Andresen a nomes contemporâneos como Alexandra Lucas Coelho, Rui Tavares e Ricardo Araújo Pereira, colunista deste jornal.

O primeiro lançamento de um autor brasileiro estreante em terras nacionais foi o premiado "Alguns Humanos", livro de contos de Gustavo Pacheco, que acabou sendo o último da operação original.

Desde sua publicação, em 2018, a fundadora Bárbara Bulhosa afirma ter enfrentado um cenário de dificuldades financeiras e logísticas que a levaram reconsiderar a operação no Brasil. Fatores como a crise das redes Saraiva e Cultura e a eclosão da pandemia levaram a editora à incerteza sobre as condições de continuar publicando além-mar.

"Então o que decidi foi suspender a editora, sem publicar novos livros", conta. "Não queria destruir os livros que tinha em estoque, mas oferecer a quem precisasse."

Em outubro do ano passado, uma conversa com o editor Paulo Werneck na sede da Tinta-da-China em Portugal selou a decisão de doar o selo para a associação presidida por ele.

"Conheço Paulo desde 2013, quando ele era curador da Flip, e sempre soube que ele valorizava a maneira como trabalhamos os livros, os autores que escolhemos. Tinha genuína simpatia pelo nosso trabalho. É alguém que terá, da maneira que sempre tive, a sensibilidade e a paixão pela literatura e pelos livros."

​Werneck, que já foi editor na Companhia das Letras, na Cosac Naify e neste jornal antes de fundar a Quatro Cinco Um com Fernanda Diamant, cita a sensação de ter "ganhado na loteria".

Ele afirma que buscará fazer jus ao projeto literário luso-brasileiro que está no cerne da editora de Bulhosa. "Ela constituiu um grupo de autores que são tanto intelectuais atuantes quanto amigos. Lembra muito as editoras à moda antiga, movidas a lealdade e confiança mútua."

A Tinta-da-China se torna, então, um selo literário ligado a uma revista, relação semelhante à que o Suplemento Pernambuco tem com a Cepe Editora, para citar um caso brasileiro. Segundo Werneck, a Quatro Cinco Um já conta com uma estrutura capaz de incorporar toda a operação.

O plano é pôr cerca de dez livros na praça ainda neste ano, entre lançamentos e reimpressões dos carros-chefe da editora, e seguir estreitando a relação literária entre os dois países lusófonos.

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