Siga a folha

Descrição de chapéu

Cervejas sem álcool surpreendem e podem ajudar a moderar o consumo

Há opções que oferecem sabor e aroma similares às tradicionais; conheça oito marcas do Brasil e do exterior

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Beber uma cerveja bem gelada depois de correr 10 km se consolidou como um dos hábitos mais prazerosos dos finais de semana desde que, perto dos 40 anos, decidi ter uma vida mais saudável e fugir da sina de problemas de saúde de críticos de gastronomia e obcecados por comidas e bebidas.

Nos últimos meses, esse costume passou a ter um sabor um pouco diferente. A cerveja parecia mais leve, com menos sabor, com um gás um pouco diferente, e não deixava com vontade de continuar bebendo. Ela também não tinha nenhum efeito na cabeça. Isso tudo porque as cervejas eram todas sem álcool.

O mercado de cervejas sem álcool também tem bebidas “premium” - Folhapress

Desde julho, passei a procurar diferentes marcas de bebidas desalcoolizadas, e acabei experimentando oito marcas. A grande surpresa foi perceber que a nova safra desse tipo de produto está muito longe de ser ruim, como esperava (por puro preconceito). O sabor é bem suave, mas a maioria delas passaria por cerveja normal sem problemas.

Logo nas primeiras semanas ficou claro que o álcool fazia menos falta do que os costumes, rotinas e rituais cotidianos que o envolvem. O que fazia falta era a tradição do aperitivo, o brinde reflexivo, a conversa com a taça na mão, a harmonização entre a bebida e a comida, e não o composto químico entorpecente.

Por isso resolvi dar uma chance ao que o mercado pinta como uma das novas cartadas da indústria de bebidas, e que a publicidade diz que é um antídoto justamente para a falta de brindes.

Cervejas sem álcool têm se tornado cada vez mais populares. Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), 393 milhões de litros de cerveja sem álcool foram comercializados em 2022 no país.

Apesar de a popularidade estar crescendo, ainda não é tão fácil encontrar cervejas sem álcool no mercado. Muitos bares e restaurantes ainda não têm nenhuma bebida assim no cardápio, e, quando têm, a Heineken domina a oferta. Mesmo nos supermercados não é muito fácil achar mais do que duas ou três opções. Foi preciso fazer um périplo por pelo menos nove lojas para poder encontrar oito marcas diferentes de cervejas sem álcool.

Em relação ao sabor, a qualidade da bebida parece estar evoluindo muito. As cervejas sem álcool não são ruins. A aposta da indústria parece ter sido em retirar o sabor da bebida junto com o álcool, o que deixou a maioria das cervejas leves e suaves, mas sem notas desagradáveis, o que é um avanço para esse tipo de produto.

A degustação realizada ao longo de um mês não teve nenhum perfil profissional e objetivo, não foi feita às cegas e reflete uma opinião bem pessoal.

As bebidas desalcoolizadas da Heineken, da Estrella Galicia e da Corona foram as que mais convenceram entre as experimentadas, podendo passar por cerveja com álcool. Elas são bem mais leves e com menos sabor do que as versões normais, mas são agradáveis e refrescantes, e podem ser boas de beber em casa ou fora.

O mercado de cervejas sem álcool também tem bebidas "premium", como a importada Erdinger e a artesanal Roleta Russa. As duas são boas e se diferenciam das outras que estão disponíveis no mercado brasileiro.

A primeira é feita de trigo, é mais turva e tem mais sabor, e ainda se torna uma boa forma de hidratação para quem faz exercícios físicos. A segunda é uma versão india pale ale, então é mais amarga e tem sabor mais forte, o que deixa ela perto de uma cerveja pilsen com álcool.

Entre as experimentadas, as que menos agradaram foram a Budweiser, a Brahma e a Itaipava. Todas têm quase nenhum sabor (pareciam até club soda em alguns goles) e não convencem tanto na comparação com cervejas com álcool, mas não chegam a ser desagradáveis.

Todas as cervejas sem álcool experimentadas também parecem ter uma carbonatação diferente. Elas mostram uma boa quantidade de espuma ao serem abertas, mas enchem de gás quem bebe, muito mais do que as cervejas com álcool. Outro aspecto notado durante a degustação é que elas perdem esse gás muito rapidamente.

A curta experiência com cervejas sem álcool começou quase como uma brincadeira para distrair o paladar durante um mês de abstinência, mas acabou sendo uma boa surpresa.

Abrir as latas e garrafas delas satisfaz o consumidor que gosta de tomar a bebida no cotidiano, e o sabor ajuda a iludir o paladar de quem poderia sentir falta de beber, brindar e participar dos rituais alcoólicos.

É verdade que não é nada que dê vontade de substituir as bebidas tradicionais de vez, até porque o álcool continua sendo um dos principais atrativos da cerveja, e a bebida zero não empolga a ponto de dar vontade de continuar bebendo.

Mas pode ser interessante incorporar aos poucos algumas dessas versões desalcoolizadas no cotidiano, alternando com as "normais", como uma forma de moderar o consumo de álcool de quem se preocupa com a saúde e com o controle do peso.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas