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Prefeitura do Rio demora a interditar ciclovia que caiu após temporal

Ciclovia Tim Maia, que liga Leblon à Barra, já havia desabado em 2016

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Rio de Janeiro

A Prefeitura do Rio demorou cerca de duas horas para interditar por completo a ciclovia Tim Maia depois de ter ciência do desabamento de um trecho da estrutura construída para ser um legado dos Jogos Olímpicos.

A ciclovia, que liga as regiões do Leblon, na zona sul, à Barra, na zona oeste, já havia sofrido um outro desabamento, que deixou dois mortos há menos de dois anos.

A pista, que margeia a orla e tem amplo trecho suspenso ao lado do mar, também enfrenta questionamentos do Ministério Público Federal, que já movia uma ação desde junho de 2016 pedindo a interdição da ciclovia até que dúvidas quanto sua segurança fossem totalmente superadas.

Com 7 km de extensão, ela custou R$ 44,7 milhões.

O trecho de 30 metros da ciclovia que desabou na manhã desta quinta (15) após as chuvas foi em São Conrado, sem que houvesse feridos.

A demora na interdição ficou evidente quando analisados os horários de alertas enviados pelo Centro de Operações da Prefeitura. Pouco antes das 7h, ele já divulgava que um trecho da ciclovia havia desabado e que equipes estariam a caminho.

Só às 8h42 a ciclovia teve toda sua extensão fechada. Nesse intervalo, ciclistas chegaram a circular em partes da pista que ficaram de pé.

O desabamento anterior da ciclovia, em abril de 2016, ocorreu menos de três meses após a sua inauguração.

A ideia era que a ciclovia fosse inaugurada antes da Olimpíada, em junho daquele ano, para que turistas e moradores pudessem utilizá-la no período dos jogos.

O trecho que caiu na ocasião fica perto da av. Niemeyer. Duas pessoas caminhavam no local quando a estrutura desabou. Fortes ondas provocadas por uma ressaca atingiram a ciclovia de baixo para cima, fazendo com que a pista se descolasse da estrutura de sustentação.

Perícia na época mostrou que a pista não estava aparafusada corretamente na estrutura, que não aguentou os impactos das ondas.

Devido ao desastre, a ciclovia ficou interditada e não pôde ser utilizada no período da Olimpíada no Rio.

Na época, após investigações da Polícia Civil, a Justiça do Rio aceitou denúncia contra 14 pessoas acusadas de homicídio culposo (quando não há intenção).

Os denunciados eram funcionários da empresa Concremat/Concrejato, responsável pelas obras da ciclovia.

Na mesma ação, a Justiça arquivou denúncia contra agentes públicos envolvidos na fiscalização da obra.

Atualmente, os processos estão na fase de oitiva de testemunhas, e ninguém foi punido por enquanto.

A ciclovia ficou interditada 17 meses e foi reaberta por completo em setembro do ano passado. Isso só foi possível depois de laudos do Crea (Conselho Regional de Engenharia) que diziam que as obras de recuperação e a parte restante da estrutura estavam seguras.

O Ministério Público Federal, contudo, move ação desde junho de 2016 em que questiona o licenciamento ambiental e pede estudos sobre o impacto das ondas na estrutura da ciclovia.

O órgão diz que a obra passou por licenciamento simplificado e sem audiência pública. A questão da ressaca (e seu impacto sobre a estrutura), segundo o MPF, não teria sido observada no projeto inicial. A Procuradoria pede a interdição até que esses estudos sejam feitos e que toda a estrutura seja verificada.

O equipamento ganhou o nome de Tim Maia porque o projeto original pretendia ligar a orla do Leme (Copacabana) ao Pontal (Recreio dos Bandeirantes), como a célebre música do cantor.

A ciclovia tem uma das vistas mais cobiçadas do Rio, por estar de frente para o mar, e vinha sendo utilizada por cariocas para pedaladas e corridas.

Nesta quinta, o vice-prefeito do Rio, Fernando Macdowell, disse que a ciclovia ficará fechada por tempo indeterminado. Segundo ele, o equipamento, construído no governo passado, sofre com erro de projeto.

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