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No Rio, maior acervo de arte popular do país tem sua pior inundação

Prefeitura diz que se reunirá com Casa do Pontal para tratar da situação

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Interior do Museu Casa do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes, alagado após as chuvas no Rio - Divulgação

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São Paulo

Com as chuvas que, desde segunda (8), deixam mortos e desabrigados no Rio, o Museu Casa do Pontal, principal acervo de arte popular no país, localizado no Recreio dos Bandeirantes, sofreu a pior inundação de sua história.

Funcionários e ex-funcionários se reuniram para retirar 300 obras das 4.000 atualmente expostas no espaço. Ao longo de toda a semana, o museu ficará fechado para avaliação dos danos.

Os alagamentos se tornaram uma incômoda realidade para a instituição nos últimos oito anos, desde que foi construído na região um megacondomínio, destinado originalmente a receber pessoal vindo para a Olimpíada de 2016.

Um empreendimento "do tamanho do Leblon", conforme define Lucas Van de Beuque, diretor-presidente do museu.

A Casa do Pontal buscou, então, construir uma nova sede para dar um fim à situação. As obras chegaram a ser iniciadas, em terreno cedido na Barra da Tijuca pela Prefeitura do Rio, mas a construção está parada há 20 meses.

A Secretaria Municipal de Cultura do Rio disse que "está em contato com o museu para promover, ainda nesta semana" uma reunião com a Casa do Pontal e com a Rio-Urbe, empresa municipal de urbanização, "a fim de buscar soluções para o problema enfrentado pela instituição".

Ao longo de quase 24 horas de chuva, de 40 a 50 centímetros de água barrenta tomaram os corredores do museu, inaugurado em 1976 pelo avô de Lucas, o designer francês Jacques Van de Beuque, para abrigar sua coleção, reunida ao longo de quatro décadas de viagens pelo país.

Segundo Lucas Van de Beuque, o megacondomínio vizinho foi erguido sobre um aterro, justamente por se tratar de uma região alagadiça. Com isso, porém, o museu ficou 1,5 m abaixo das novas ruas, o que gerou a situação de enchentes.

Em 2016, a Prefeitura do Rio reconheceu sua responsabilidade no problema e fez a cessão do terreno.

As obras tiveram início em junho daquele ano, tocadas pela construtora Calper, a título de pagamento de uma dívida da empresa com o município.

Os trabalhos foram orçados em R$ 11 milhões, dos quais R$ 7,5 milhões representariam o pagamento da dívida da Calper ao município, e R$ 3,5 milhões viriam do museu. 

Em 2017, contudo, as obras foram interrompidas após pedido de recuperação judicial da construtora. Elas estão paradas há 20 meses, à espera de uma nova licitação para sua conclusão.

Van de Beuque diz que a Rio-Urbe, Empresa Municipal de Urbanização do Rio, já teria um novo orçamento para a obra da nova sede. Ele afirma ainda que a previsão da empresa é de que faltem cinco meses para sua conclusão. 

No entanto, o texto da nova licitação ainda não foi publicado, impedindo a retomada da obra.

Ainda durante a construção do condomínio, o museu contatou a Coppe, área de pós-graduação e pesquisa em engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para avaliar os riscos que poderia haver para a instituição. 

De acordo com Van de Beuque, os técnicos verificaram que a estrutura hidráulica construída para a drenagem do empreendimento não seria suficiente para proteger o museu e previram que viriam "alagamentos frequentes". 

A mesma Coppe recomendaria, em 2014, a construção de uma nova sede.

Com o alerta, foram feitas adequações emergenciais, com apoio do Ministério da Cultura, trocando a estrutura das vitrines por madeira naval, resistente à água.

A altura de exposição das obras, que era de 20 cm do chão, para estar mais próxima das crianças —a visitação escolar é a principal fonte de público do museu —, passou para 50 cm.

Também foram instaladas comportas e duas bombas para sucção da água, e um gerador para garantir seu funcionamento.

Graças às medidas, somente na primeira inundação houve perdas para o museu —danificaram-se então cinco peças do acervo de 10 mil obras, incluindo 88 do Mestre Vitalino, nome central da arte popular brasileira.

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