Siga a folha

Descrição de chapéu Obituário João Brambilla (1917 - 2019)

Mortes: Trabalhou até os 101 anos com carteira assinada

Nos últimos tempos passou a usar as mãos para plantar sementes e mudas

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Porto Alegre

Quando chegava o final de semana, o gaúcho João Brambilla sentia falta do trabalho. Caminhava de um lado para o outro e arrumava coisas para fazer na casa. “Ficava chateado se não podia ir ao emprego”, conta seu filho Aldemir Miguel Brambilla.

No momento da vida em que a maioria das pessoas já está aposentada, ele teve a carteira assinada. Aos 88 anos, o trabalho que antes era informal passou a ser regularizado. Ele permaneceu no emprego até sua morte, aos 101 anos, no último dia 28.

Brambilla, chamado pelos colegas de “nono”, fazia manutenção da estrutura do hospital de São Francisco de Paula (RS). Ele nasceu e cresceu em Nova Milano, também na serra, onde aprendeu a plantar e colher. Por isso, também cuidava da horta do hospital.

Dali saíam as frutas, verduras e temperos transformados em refeições para os pacientes internados. “Quando ele chegava, a primeira coisa que fazia era ir à cozinha ver se precisavam de verduras e chá da horta. Depois tomava um cafezinho e ia capinar de novo”, conta a colega Graziele da Silva Pereira.

Na juventude, serviu ao Exército em Porto Alegre. Mais tarde, se mudou para São Francisco de Paula após receber um convite do pároco e de um engenheiro para trabalhar na construção da igreja matriz da cidade, em 1961.

Coincidentemente, a igreja que ergueu fica exatamente ao lado do hospital onde passou a trabalhar décadas mais tarde. Quando ficou viúvo de Umbelina Regina Gardim, em 2010, passou a dedicar ainda mais energia aos pés de couve, alface, chuchu, limão e laranja que cultivava.

Nos últimos tempos, já sem a força de outrora, não erguia as ferramentas pesadas da horta. Ele passou a usar as mãos para plantar as sementes e mudas —pleiteava junto à administração do hospital novas variedades de plantas.

“Sem ele aqui, nem sei o que vai ser dessa horta”, diz Graziele. Brambilla deixa quatro filhos, seis netos e quatro bisnetos.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas