Polícia já mandou recado e tiroteios no RJ vão diminuir, diz Witzel
Governador fez afirmação após divulgar nova alta de mortes cometidas por policiais
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Para o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), o aumento no número de mortes por policiais no estado no primeiro semestre deste ano se deve à maior frequência de operações e tende a diminuir agora porque “a polícia já mandou o recado”.
“A polícia passou a fazer mais operações, ir mais nas comunidades para fazer apreensões de drogas e de armas, e no início do governo a tendência era o crime organizado enfrentar a polícia”, afirmou ele nesta segunda (22) em entrevista coletiva sobre as ações de sua gestão.
“Essa tendência está certamente se reduzindo, e a letalidade violenta tende também a se reduzir, porque a polícia já mandou o recado e já mostrou que não haverá nenhum tipo de leniência com quem usa fuzil contra a sociedade e contra policiais”, continuou.
O número de óbitos por policiais no RJ já vinha subindo há cinco anos nos primeiros semestres. Bateu novo recorde agora, considerando o mês de junho: foram 881 óbitos neste ano, contra 769 nos seis primeiros meses do ano passado, uma alta de 15%.
Enquanto isso, sete policiais militares morreram em serviço em 2019, metade dos 15 que foram a óbito no mesmo período de 2018.
Mortes por policiais no RJ batem novo recorde
No 1º semestre de cada ano
2009 | 561 |
2010 | 505 |
2011 | 372 |
2012 | 216 |
2013 | 200 |
2014 | 287 |
2015 | 349 |
2016 | 400 |
2017 | 580 |
2018 | 769 |
2019 | 881 |
Fonte: Instituto de Segurança Pública do RJ
Witzel tem endossado as ações policiais que resultam em morte, mesmo antes da conclusão dos inquéritos sobre os casos. Foi o que ocorreu em fevereiro, quando a polícia matou 15 pessoas no morro do Fallet, centro do Rio. A Defensoria Pública aponta indícios de abuso policial na ação e falhas na apuração do caso.
Essa operação foi a que deixou mais vítimas em 12 anos, desde uma ação no Complexo do Alemão com 19 mortos em 2007.
“Não se combate o terrorismo com flores, se combate com investigação, armas de mesmo calibre e um processo rigoroso. Se não se entregarem, serão mortos. O recado está dado, não enfrente a polícia”, voltou a declarar o governador nesta segunda.
As polícias militar e civil do Rio de Janeiro fizeram 2.994 operações nos primeiros seis meses do ano, o equivalente a 17 por dia —46% a mais do que no mesmo intervalo do ano passado, segundo os dados do governo.
Nesse tempo, foram apreendidas 4.795 armas, sendo 305 fuzis. A captação desse tipo de armamento tem sido cada vez mais comum no RJ. Há dez anos, os fuzis representavam 2% das armas apreendidas no estado; hoje já são 6%.
Witzel também citou nesta segunda a investigação das mortes da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes como um exemplo do trabalho da Polícia Civil. Em março, um ano após o caso, a polícia prendeu dois suspeitos de cometerem o assassinato, mas não achou ainda seus mandantes nem elucidou o motivo do crime.
“É um dos mais difíceis casos que a história há de contar nos livros de investigação forense, e a Polícia Civil do RJ conseguiu entregar. Após um ano de intensa investigação, com modificações na estrutura do órgão e intervenção, o delegado conseguiu fazer a investigação”, afirmou o governador.
BALANÇO DE SEIS MESES
Apesar de as mortes por policiais continuarem subindo, os homicídios dolosos (intencionais) em geral caíram 23% no estado neste primeiro semestre. Foram 2.083 vítimas, contra 2.691 no mesmo período do ano passado.
Também sofreram queda os roubos de carga (-21%), os roubos em geral (-11%) e os roubos de rua (-2%). Esses números, porém, já haviam começado a diminuir em 2018, quando ocorreu a intervenção federal na segurança do Rio, de fevereiro a dezembro. Os roubos em transportes coletivos destoam, com uma alta de 14%.
Witzel argumentou que assumiu a gestão do estado em crise financeira, com um avanço de facções criminosas e falta de investimentos na segurança e nas favelas.
Após o fim da intervenção e da GLO (Garantia da Lei e da Ordem), que também previa a presença de militares no estado até 31 dezembro do ano passado, ele diz que perdeu mais de 3.000 agentes e um apoio maior da Polícia Rodoviária Federal.
Entre as ações feitas em sua gestão até aqui, citou a transformação das duas polícias em secretarias, subordinadas diretamente ao governador, e a criação de três departamentos especializados --de homicídios, de atendimento à mulher e de investigação à corrupção, crime organizado e lavagem de dinheiro.
Mencionou ainda o aumento de gratificações a policiais, a contratação de 391 PMs e 391 agentes da Polícia Civil e a compra de equipamentos —mas não especificou quantos deles foram viabilizados por verbas da intervenção.
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