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Doria adia decisão sobre retomada de obras da linha 6-laranja do Metrô

Aposta do governo é dar mais tempo para entrada de investidor internacional

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São Paulo

O governo João Doria (PSDB) adiou para novembro a decisão que poderia destravar as obras da linha 6-laranja do Metrô, que tem obras paradas há quase três anos. Governo diz dar mais tempo para entrada de investidor estrangeiro. 

O governo paulista tenta ao menos desde março de 2018 quebrar o atual contrato de construção da linha que deve ligar a Brasilândia (zona norte) ao centro de São Paulo. Nesta terça-feira (13), se encerraria o prazo para que esse processo acontecesse. 

Depois disso, o governo paulista poderia relicitar as obras, sem encargos com as empresas contratadas. 

O governo Doria, porém, resolveu conceder um prazo maior ao processo, porque recentemente o empreendimento recebeu propostas de ao menos três empresas internacionais. Segundo o governo, a prorrogação do prazo é justamente para que alguma dessas empresas interessadas possam comprar a fatia das empresas brasileiras que hoje estão no contrato, mas que se viram impossibilitadas de avançar com a obra, por terem sido envolvidas no âmbito da Lava Jato. 

Entre as atuais empresas do consórcio estão Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC Engenharia, que sofreram fortemente com a falta de crédito para tocar seus empreendimentos. 

Hoje, a linha 6 tem apenas 15% dos trabalhos feitos. A linha 6-laranja já consumiu R$ 1,7 bilhão em obras civis (sendo 41% disso em recursos do governo estadual), além de R$ 984 milhões pagos a título de desapropriações.

Na última semana, a Folha mostrou que o governo paulista recebeu a notificação de que existem três empresas interessadas no empreendimento: uma americana, uma europeia e a chinesa CR20, pertencente à gigante CRCC (China Railway Construction Corporation). Cabe ao governo paulista dar anuência à entrada de alguma delas no consórcio contratado. 

Para o governo paulista, a aposta é esperar que o consórcio hoje contratado consiga achar parceiros capazes de fazer a obra voltar a andar. A alternativa a isso seria relicitar a obra. Segundo o secretário de transportes Alexandre Baldy, uma nova licitação traria mais espera e, possivelmente, custos mais altos ao que é a maior obra de infraestrutura no país. 

Algo semelhante já foi tentado em outubro de 2017, ainda no governo Geraldo Alckmin (PSDB), quando um consórcio de empreiteiras chinesas enviou ao governo do estado uma proposta formal. Meses depois, após analisar a situação da construção, os chineses desistiram da empreitada.

Até novembro, a atual concessionária segue sendo responsável pela manutenção dos canteiros de obras cercados por tapumes que são alvos constantes de reclamações de vizinhos, devido o acúmulo de lixo e a invasões. Na prática, a espera por alguma mudança nesse sentido foi alongada.

As atuais construtoras defendem que o atraso na obra se justifica pela demora do governo em realizar desapropriações e em indenizar os donos dos imóveis que foram demolidos ao longo do traçado da linha.

ATRASO

Com 15 km de extensão e 15 estações, a linha 6-laranja foi apelidada de linha das universidades, por ter em seu trajeto sedes de instituições de ensino como PUC, Mackenzie e FAAP. O anúncio da linha foi feito ainda na gestão José Serra (PSDB), em 2008. Na época, a promessa era de que a linha já estaria em operação em 2012.

Na época, moradores de Higienópolis se organizaram para protestar contra a presença do metrô. O termo "gente diferenciada" chegou a ser usado para descrever as pessoas que seriam atraídas por uma estação no tradicional bairro paulistano.

A assinatura do contrato de PPP (parceria público privada) só ocorreu em dezembro de 2013, quando a estimativa era de que a linha poderia funcionar parcialmente até 2018.

O contrato foi comemorado por ser a primeira PPP plena do Brasil. Ou seja, o consórcio vencedor não apenas faria a obra como seria responsável pela operação da linha por 25 anos. A expectativa era de que isso tornaria o projeto mais atrativo à iniciativa privada, além de incentivar o término das obras. O custo total do empreendimento é de R$ 9,6 bilhões, dos quais R$ 8,9 bilhões serão divididos entre governo e o consórcio.​​

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