Siga a folha

Descrição de chapéu Obituário Mário Ezequiel de Barros (1927 - 2019)

Mortes: Tio Mário era velha-guarda da velha-guarda do samba de SP

Sambista foi referência para gerações de batuqueiros de São Paulo

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Uma boina branca flutuava toda tarde de domingo pelas ruas da Vila Carolina, na zona norte de São Paulo.
Protegia a cabeça de Mário Ezequiel de Barros, que todos conheciam como Tio Mário. Ele caminhava até parar no bar onde uma roda de samba o aguardava.

Assim que viam Mário, os membros da roda faziam um breve silêncio. Era reverência. O silêncio só era quebrado pelo batucar das mãos na mesa de alumínio ou um acorde em ré maior do cavaquinho. 

Mario sentava em sua cadeira e todos escutavam cada uma de suas frases como se fossem únicas. Diziam que quem ouvia o falar e cantar de Tio Mário escutava os ecos das antigas gerações.

“Ele é um griô [nome dado aos sábios africanos contadores de histórias]”, resume Tadeu Kaçula, músico e pesquisador que produziu o único disco de Tio Mario. 

Baluarte do samba paulista, Tio Mario nasceu em 1927, numa Barra-Funda que rivalizava com o Bexiga sobre qual era o melhor reduto sambista paulistano.

Mario viajava sempre com a família para o interior nos dias santos. Numa dessas vezes, passou uma temporada com os tios em Tietê (SP). Fez sua imersão no samba rural. Visitou festas religiosas, aprendeu a tocar tambu e a matraca. 

Já moço, Mario voltou para São Paulo trazendo na memória os batuques e versos populares das cantigas ouvidas.

Na paulicéia, participou dos cordões carnavalescos. Anos depois, esteve na fundação de uma das quatro mais tradicionais escolas de samba paulistas, a Camisa Verde e Branco, da sua Barra-Funda. 

Kaçula diz que ele é a velha guarda da velha guarda paulista. Mario morreu no último dia 27, de insuficiência cardíaca, aos 91 anos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br
 
Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missas

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas