Siga a folha

Descrição de chapéu Coronavírus

Justiça nega liminar para suspender megarrodízio de veículos em SP

Decreto tirou metade da frota das ruas, mas índice de isolamento subiu pouco

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

A Justiça paulista negou liminar pedida pelo vereador Fernando Holiday (Patriota) para suspender o novo rodízio de carros em São Paulo, em vigor desde segunda-feira (11), que tirou metade da frota de veículos de circulação, numa tentativa de conter a movimentação de pessoas e evitar a disseminação do novo coronavírus.

Desde segunda, apenas carros com placa com final par podem circular em dias pares, como é o caso desta terça-feira. Em dias ímpares, só aqueles com placa com final ímpar saem às ruas. Além da duração estendida, a restrição vale agora em toda a cidade, e não mais apenas no centro expandido.

A prefeitura diz que o objetivo é diminuir o número de pessoas em circulação na cidade a fim de combater a disseminação do novo coronavírus, que só na capital paulista já matou pelo menos 2.430 pessoas. Com o nível de isolamento social da população caindo semana a semana, medidas mais drásticas foram postas em prática.

Em decisão desta terça-feira (12), a juíza Celina Kiyomi Toyoshima afirmou que na ação movida por Holiday "não restou demonstrada a ilegalidade do ato administrativo combatido" e que "não há, em princípio, vício formal" na edição do decreto que instaurou a medida.

O vereador ajuizou a ação na última quinta-feira, logo após o prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciar a medida. "O prefeito não apresentou até o momento nenhum estudo que embasasse aquela decisão, nem traçou objetivos, como a medida melhoraria o combate à Covid. Me pareceu uma medida improvisada e desorganizada, que só beneficiaria as empresas de ônibus, e não o combate à disseminação do vírus", diz Holiday à Folha.

"Tudo o que vimos [desde que o rodízio passou a valer] demonstra que o transporte público não é capaz de lidar com o rodízio ampliado neste momento da pandemia. As pessoas estão mais expostas ao risco [aglomeradas no transporte público] do que estavam antes", afirma.

Holiday diz que pretende recorrer da decisão assim que for notificado. "Enquanto estiver em vigor, a população correrá risco no transporte público lotado."

No processo, o Ministério Público se manifestou a favor de suspender a medida, argumentando que a prefeitura não respondeu ao órgão os objetivos e estudos que subsidiaram o rodízio. A Promotoria tem um inquérito aberto para apurar as medidas tomadas pela prefeitura em relação ao trânsito, como o bloqueio de avenidas ensaiado na última semana e descartado logo depois.

De acordo com dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), houve 7 quilômetros de lentidão às 8h desta terça. Na terça passada, foram 19 quilômetros no mesmo horário.

Monitoramento do governo paulista mostra que o isolamento social na capital paulista ficou em 49%, mesmo com o megarodízio imposto pela gestão Covas. Segundo dados do governo de SP, o índice subiu apenas um ponto percentual em relação à segunda-feira anterior (4).

O governo tem afirmado que, se o isolamento não ficar acima dos 50%, o sistema de saúde no estado pode colapsar.

A capital paulista não atingia a marca de 49% desde o dia 17 de abril. No entanto, aos fins de semana, o percentual costumava subir para acima de 50%.

No estado de SP, a taxa de isolamento foi de 48%.

Os dados da capital mostram uma constante queda no isolamento desde o fim de março, início da quarentena, quando a cidade atingia marcas acima de 55% de isolamento.

O governo considerava que o ideal seria atingir 70%, mas que se ao menos metade das pessoas ficasse em casa o sistema hospitalar daria conta. Isso não aconteceu.

Segundo o governo, na Grande São Paulo, as mortes subiram 63% entre os dias 30 de abril e 11 de maio, passando de 2.014 para 3.183.

A taxa de ocupação dos leitos de UTI reservados para atendimento a COVID-19 é de 69,1% no Estado de São Paulo e 85,7% na Grande São Paulo.

Para evitar que o sistema colapsasse, a gestão Covas primeiro havia adotado bloqueios em grandes corredores da cidade. A medida causou congestionamentos e deixou até ambulâncias paradas.

Depois disso, foi anunciado o megarrodízio na capital, que foi criticada por gerar aglomerações no transporte público.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas