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Descrição de chapéu Obituário Joana Angélica Moreira (1959 - 2022)

Mortes: Chef e pedagoga, mostrou como valorizar a culinária de seus ancestrais

Angélica recebeu convidados como Angela Davis e Conceição Evaristo em seu projeto que homenageava pratos da comunidade negra pelo mundo

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Salvador

Reunir convidados em volta da mesa de casa, no bairro Tororó, em Salvador, era motivo de alegria para Joana Angélica Moreira. Tanto que, em 2013, o hobby virou o projeto Ajeum da Diáspora —ajeum significa "comida" ou "comer juntos" em iorubá.

A iniciativa fazia receitas baseadas em pratos criados por comunidades negras ao redor do mundo e colocavam em prática os ensinamentos das mulheres da família. O cardápio era pensado para evocar a memória ancestral de Angélica, que além de chef, também era pedagoga.

"O Ajeum nasceu despretensiosamente como uma ressaca de Carnaval. No domingo seguinte, as pessoas começaram a perguntar se teria de novo o almoço e a coisa foi ganhando corpo", conta a filha mais velha, a jornalista Daza Moreira.

Joana Angélica Moreira (1959-2022) - Ricardo Prado

Sentaram à mesa de Angélica convidados como a filósofa e ativista pelos direitos civis nos Estados Unidos Angela Davis, a escritora Conceição Evaristo e os atores Antônio e Camila Pitanga, por exemplo.

"A ideia era dialogar, valorizar os saberes ancestrais, não só com a culinária afro-baiana, mas com pratos de Cuba e até mesmo de Nova Orleans (EUA)", explica Daza. "Nossa mãe aprendeu a cozinhar com nossa avó, com as tias dela e também no candomblé".

Por meio do Ajeum, Angélica foi ao México e a diversos estados brasileiros. No ano passado, lançou o livro Memórias da Cozinha Ancestral, que reúne saberes, receitas e histórias da infância.

Nascida em Itaquara (BA) em 23 de junho de 1959, a filha de Maria do Carmo com Durval morreu aos 62 anos, no último dia 5, em decorrência de complicações causadas por um tumor no endométrio.

"Certamente, no aniversário dela, ela prepararia um belo sarapatel. Já era tradição", diz Daza. Outras receitas favoritas da mão eram cozido, feijoada e vatapá. "Esse último ela perseguia para tentar fazer igual ao de minha vó", lembra.

A passagem da chef, escritora e ativista foi lamentada pelo espaço cultural e museu Casa do Benin, pelo terreiro Ilê Axé Opô Afonjá —no qual era ajoie de Oxum (cargo feminino escolhido pelo orixá regente da casa)—, e por artistas como Carlinhos Brown e Nara Couto.

Além da filha mais velha Daza, 35, Angélica deixou a dançarina Inaê, 31, e a cineasta Safira, 30, os netos Ayomi, 2, Amani, 7 meses, e o recém-nascido Malik, também os irmãos Jorge, Nilton, Leda, Elvira e Rita.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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