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Censo inicia entrevistas com brasileiros após dois anos de atraso

IBGE começa nesta segunda-feira (1º) a visitar 75 milhões de domicílios espalhados pelo país

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Rio de Janeiro e Brasília

Após dois anos de atraso e a ameaça de um apagão estatístico no país, o Censo Demográfico começa a chegar aos lares brasileiros nesta segunda-feira (1º). O motivo é o início das entrevistas do levantamento, sob responsabilidade do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Até outubro, a intenção do órgão é visitar 75 milhões de domicílios espalhados pelo Brasil —de periferias, localidades ribeirinhas e comunidades indígenas até casas e condomínios de luxo.

Os resultados preliminares da contagem da população devem sair até o final deste ano, segundo a previsão do IBGE. Dados mais detalhados tendem a ser divulgados a partir de 2023.

Recenseadores conversam com moradora na favela da Rocinha, no Rio, no primeiro dia de coleta dos dados do Censo - Eduardo Anizelli/Folhapress

"Serão em torno de três meses de coleta. Agosto e setembro concentram a maior parte. Outubro é mais para o fechamento", afirma Claudio Stenner, diretor de geociências do instituto.

O Censo, que costuma ser realizado de dez em dez anos, é considerado o trabalho mais detalhado sobre as características demográficas e socioeconômicas da população brasileira.

A edição mais recente ocorreu em 2010. A nova pesquisa seria em 2020, mas foi adiada com as restrições provocadas pelo início da pandemia de Covid-19.

Em 2021, o levantamento foi travado pela segunda vez. À época, o que impediu o trabalho foi um corte na verba prevista pelo governo federal. A decisão causou preocupação entre especialistas, porque os dados do Censo funcionam como base para uma série de políticas públicas e até decisões de investimento de empresas.

As informações balizam, por exemplo, os repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), fonte de recursos das prefeituras.

Para a realização do estudo em 2022, o IBGE conta com um orçamento de cerca de R$ 2,3 bilhões, liberado pelo governo federal após o STF (Supremo Tribunal Federal) ser acionado.

Ao longo dos meses, especialistas e até membros do instituto chegaram a cogitar a necessidade de mais recursos em razão da disparada da inflação, que encareceu itens como a gasolina, utilizada nos deslocamentos dos recenseadores, por exemplo.

A verba da pesquisa serve, por exemplo, para bancar a contratação temporária de trabalhadores, incluindo em torno de 183 mil recenseadores —a seleção de parte desses profissionais ainda está em curso.

O diretor de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, afirmou que está confiante com a possibilidade de o órgão ter à disposição recursos complementares para concluir o censo, caso isso se torne imprescindível. Ele disse que, por ora, não há necessidade de recomposição da verba, mas não descartou a medida mais à frente.

"A gente já reajustou algumas coisas. O governo está muito ciente da importância do Censo. Mas a gente vai trabalhar um dia de cada vez. Hoje a gente não necessita de nenhuma complementação", relatou.

A declaração foi dada em entrevista a jornalistas após o evento de lançamento do Censo, em cerimônia no Museu do Amanhã, no centro do Rio de Janeiro.

Nesta segunda, Azeredo defendeu a ideia de que a pesquisa é uma política de Estado, não atrelada a governantes ou partidos. O diretor chamou atenção para o risco de o instituto ser vítima de fake news durante a operação censitária.

"Não é um Censo do governo, não é um Censo do IBGE. É um Censo do Brasil", apontou.

Após cortar o orçamento do IBGE e cancelar a realização do Censo de 2021, o presidente Jair Bolsonaro (PL) apareceu nesta segunda (1º) com um colete da entidade em Brasília e disse que foi o primeiro brasileiro a responder ao levantamento deste ano.

Um ex-assessor do chefe do Executivo publicou nas redes sociais um vídeo em que o mandatário aparece ao lado do presidente do IBGE, Eduardo Luiz Neto, e agradece a todos os recenseadores.

Depois, o mandatário conversou com apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada ao lado de Neto, que incentivou as pessoas a receberem os entrevistadores em suas casas.

O presidente, por sua vez, disse, em tom de brincadeira, para os simpatizantes "não se comprometerem" e terem "cuidado com perguntas capciosas".

COMO IDENTIFICAR OS RECENSEADORES

As informações coletadas pelo instituto são de caráter confidencial e protegidas por sigilo. Em uma tentativa de auxiliar a população, o IBGE apresentou uma cartilha de como identificar os recenseadores e evitar eventuais contratempos.

Os profissionais usarão um boné do Censo e um colete do instituto. O colete terá um crachá de identificação exposto na parte frontal, à esquerda para quem observar a peça de frente.

Além disso, os agentes contarão com um DMC (dispositivo móvel de coleta), o equipamento eletrônico que registra os dados das entrevistas.

RESPOSTAS PRESENCIAIS, PELA INTERNET OU PELO TELEFONE

O Censo 2022 contará com três formas de abordagem para o preenchimento dos questionários.

Além da presencial, haverá opções pela internet e pelo telefone. As duas abordagens alternativas, contudo, não dispensarão algum contato presencial, informa o instituto.

Para responder pela internet, o informante deverá aguardar a visita do recenseador, que irá cadastrar e-mail e celular. Nessa modalidade, o morador terá sete dias para preencher o questionário.

Já a coleta por telefone será uma solução nos casos em que os moradores não forem encontrados na residência durante a visita do recenseador, diz o IBGE.

Essa modalidade poderá ser utilizada também quando o informante não puder receber o agente no momento da entrevista. Assim, poderá ser feito um agendamento para a coleta presencial das informações ou por telefone.

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