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Descrição de chapéu Obituário Ivo Pereira Silva (1943 - 2023)

Mortes: Homem do campo, amou os animais e deixou ternura e histórias de vida

Ivo Pereira Silva foi exemplo de simplicidade, sabedoria e emoções

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Curitiba

Ivo Pereira Silva viveu toda sua vida no campo, em uma casa no interior de Minas Gerais. No local, gostava de receber seus sobrinhos —ele não teve filhos—, para os quais contava histórias.

O amor de Ivo pelos animais era o que mais agradava, diz uma das sobrinhas, Michele Silva. "Cada bezerrinha, novilha, vaca e boi tinham um nome próprio. Era divertido para nós ouvi-lo chamá-los."

Sem nunca ter frequentado a escola, desenvolveu com o tempo um olhar curioso sobre o mundo ao ouvir diariamente seu rádio de pilhas. "Ele sabia direitinho o que ocorria regionalmente e mundialmente pelas antenas do seu velho rádio", diz Michele.

Ivo Pereira Silva (1943 - 2023) - Arquivo pessoal

Rui Santos também destaca a sabedoria do tio. "Era mais informado que muito universitário da cidade".

"Ele tratava todos os seus animais como membros da família, batizando-os, conhecendo um a um pelo nome, chorando quando bezerros não chegavam à idade adulta", diz Rui.

"O tio passava horas a fio no meio do mato para desatolar as vacas que se perdiam nos barrancos", comenta Santos. "Seus 80 anos de vida dariam um filme", observa.

Ivo nasceu em Bom Sucesso (MG), numa família de 16 irmãos e era muito próximo dos pais e de um de seus irmãos, José.

"Quando eu tinha 15 anos, me deu uma bezerrinha para que vendesse e comprasse um violão. Este violão foi o início de uma conexão musical que até hoje me inspira", conta Michele.

Ao entrar no curso de engenharia florestal, ela foi pedir orientações ao tio.

A disciplina sobre solos exigia aos alunos buscar coleções de zoologia ou de espécies minerais. "Tio Ivo foi o protagonista das minhas andanças pela roça em busca de insetos e rochas minerais."

Ela explica que o tio conhecia cada rocha e local da fazenda. "Era impressionante a humildade, conhecimento e sua etnomatemática."

Nos anos 1960, Ivo desertou do Exército para ir atrás de uma paixão. A mulher, porém, morreu pouco tempo depois vítima de um câncer. Ele então passou os anos seguintes escondido dos militares.

Apesar de nunca ter-se casado, recuperou a alegria na roça, com os animais, os pais, os familiares e os sobrinhos. A simplicidade do homem do campo cativava a todos. "Meu velho tio Ivo não sabia ler letras, mas sabia ler olhares e emoções; e como isso fez a diferença", conclui a sobrinha.

Ivo morreu de pneumonia, em 7 de maio.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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