Descrição de chapéu Obituário Paulo Henrique Lima (1967 - 2023)

Mortes: Foi encantado pela Amazônia e lutou por inclusão digital

Paulo Lima dedicou a vida ao rádio amador e à comunicação

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São Paulo

O Brasil se acostumava à internet discada no início dos anos 2000, e Paulo Henrique Lima sabia que a desigualdade seria uma barreira para grande parte da população. Determinado, fez disso o principal desafio da sua carreira.

Nascido no Rio de Janeiro em 1967, formou-se em história na Universidade Federal do Rio de Janeiro e adicionou ao diploma a graduação informal em ativismo, durante a efervescência dos anos 1980.

Com forte atuação entre organizações da sociedade civil, Paulo foi reconhecido como articulador e até pacificador por onde passou. Quando trabalhava na Rede de Informações para o Terceiro Setor (Rits), conheceu a ONG Projeto Saúde e Alegria, de Santarém (PA), na Amazônia, para onde se mudou definitivamente.

paulo e cristina sorriem para foto. ambos usam chapéu, camiseta e chinelo.
Paulo Lima (1967-2023) e Cristina Caetano - Arquivo pessoal

Coordenador do projeto, o amigo Caetano Scannavino, 57, diz que Paulo se encantou com o desafio da inclusão digital em comunidades na floresta.

"Na época, havia um medo de trazer internet e a juventude usar isso para sair das comunidades. A ideia era trabalhar a comunicação para fortalecer a identidade. E o Paulo se emocionou. Se desligou da Rits e veio morar aqui para assumir o programa de inclusão digital."

E de lá não saiu mais. Sempre se dedicou ao chope, ao Flamengo e ao rádio amador, paixões às quais se dedicava junto com a família e Cristina Caetano, sua companheira desde 2008.

"A primeira vez que vi Paulo foi quando eu estava cantando em um bar, e ele estava em outro. Dançando carimbó, muito branco, porque havia acabado de chegar, bermudas grandes e chapelão de palha. Parecia um gringo."

A cantora afirma que ela e o filho do casal, Bento, 8, não estavam nos planos dele, que já era pai de Hugo, 25, e vivia para o trabalho. Para ela, foi o destino.

Paulo também se dedicou a aulas de jornalismo, pesquisa, consultoria para a Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe) a OIT (Organização Internacional do Trabalho) e a participação na Rede Mocoronga de Comunicação Comunitária, do Projeto Saúde e Alegria.

Passou de encantado a encantador, e trabalhava recentemente em um projeto de acesso à internet entre populações do baixo Tapajós, região formada pelas cidades paraenses de Santarém, Belterra e Aveiro.

Sete dias depois do seu 56º aniversário, Paulo sofreu um infarto fulminante em 16 de abril. Deixa a mulher, Cristina, e os filhos Hugo e Bento.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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