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Descrição de chapéu Censo 2022

Em seis pontos, veja o que o Censo já revelou sobre o Brasil

Crescimento menor da população, envelhecimento e presença feminina estão entre os destaques dos dados do IBGE

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Rio de Janeiro

A população do Brasil é mais parda do que branca, cresce cada vez menos, envelhece em ritmo acelerado e é formada em sua maioria por mulheres, apontam dados já revelados pelo Censo Demográfico 2022.

Nesta sexta (22), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) fez uma nova divulgação do levantamento, que trouxe informações sobre a cor ou raça dos brasileiros.

Pessoas caminham na rua Sete de Setembro, no centro do Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli - 31.ago.2023/Folhapress

As divulgações seguem no próximo ano. Até o momento, o IBGE não forneceu estatísticas do Censo sobre fecundidade e mortalidade, migração e população em favelas, por exemplo. A seguir, veja seis conclusões conhecidas a partir dos números já revelados.

1) População cresce menos e fica abaixo das projeções

O Censo 2022 estimou a população brasileira em 203,1 milhões. Isso significa que o ritmo de crescimento vem baixando com o passar das décadas.

Na comparação de 2022 com 2010, o aumento foi de 0,5% ao ano. Trata-se do menor nível já registrado em um recenseamento no Brasil.

A população de 203,1 milhões também ficou abaixo de projeções feitas pelo próprio IBGE. Em dezembro do ano passado, uma prévia do Censo apontava que o número de habitantes seria de 207,8 milhões, o que não se confirmou no resultado final.

A diferença foi ainda maior na comparação com uma estimativa anterior, divulgada em 2021. À época, o IBGE projetava o número de habitantes em 213,3 milhões.

O instituto ainda estuda os possíveis motivos por trás do número menor do que o esperado. A pandemia e a falta de uma contagem da população mais enxuta do que o Censo no meio da década passada são questões avaliadas nesse sentido.

2) Envelhecimento bate recorde

Segundo o IBGE, indicadores de envelhecimento da população brasileira aceleraram para níveis recordes em 2022. Pessoas de 65 anos ou mais já representam 10,9% do total de habitantes no país (22,2 milhões de 203,1 milhões).

O percentual de idosos nessa faixa etária é o maior desde o primeiro recenseamento realizado no Brasil, em 1872, disse o instituto.

Em termos absolutos, o contingente de 65 anos ou mais teve um salto de 57,4% em relação ao Censo anterior, de 2010. Enquanto isso, a participação de crianças e adolescentes vem encolhendo.

Em 2022, a faixa de 0 a 14 anos correspondia a 19,8% do total de habitantes, abaixo da marca de 24,1% em 2010. Essa mesma faixa etária correspondia a 38,2% da população total em 1980.

De acordo com especialistas, o envelhecimento traz uma série de impactos para o país. As pessoas vivem mais, o que é comemorado, mas a procura por serviços de saúde tende a aumentar.

Ao mesmo tempo, o país deve contar com uma proporção menor de jovens trabalhando e gerando recursos para o pagamento de aposentadorias e outros benefícios. A solução, segundo economistas, passaria por elevar a produtividade do trabalho, um gargalo histórico no Brasil.

3) Mulheres são maioria

As mulheres eram 51,5% (104,5 milhões) do total de habitantes do país em 2022, enquanto os homens representavam 48,5% (98,5 milhões). Em termos absolutos, a parcela feminina superava a masculina em cerca de 6 milhões.

A comparação com os recenseamentos anteriores sinaliza que elas vêm aumentando sua participação entre os brasileiros.

A razão de sexo, que mede o número de homens para cada cem mulheres, diminuiu de 96 em 2010 para 94,2 no ano passado. É a menor relação da série histórica divulgada pelo IBGE com dados a partir de 1940.

Historicamente, a população feminina supera a masculina no Brasil em razão da mortalidade menor das mulheres na comparação com os homens, segundo o instituto.

Essa tendência pode ser reforçada pelas condições do mercado de trabalho em cada região ou município. Ainda de acordo com o IBGE, as mulheres se concentram mais em grandes cidades pela disponibilidade maior de emprego.

4) Indígenas saltam no Censo

O Censo também apontou que o Brasil tinha quase 1,7 milhão de indígenas em 2022, o equivalente a 0,83% da população total. O número é 88,8% maior do que o contado no recenseamento anterior (896,9 mil), em 2010. Os dados, porém, não são totalmente comparáveis.

Conforme o IBGE, não é possível afirmar que a população indígena quase dobrou em 12 anos apenas em razão de fatores demográficos. Parte dessa limitação está associada a uma mudança na metodologia dos questionários em 2022.

O instituto reconheceu uma possível subenumeração na contagem de 2010, o que o órgão tentou evitar no ano passado por meio de um refinamento nas técnicas de abordagem aos indígenas.

5) Quilombolas são 1,3 milhão

O IBGE ainda trouxe um retrato inédito sobre a população quilombola no Brasil, estimada em 1,3 milhão de pessoas. O contingente equivale a 0,65% do total de habitantes no país.

A divulgação teve caráter histórico porque foi a primeira vez que uma edição do Censo identificou os quilombolas e as suas características, incluindo quantos são e onde vivem. O levantamento mostrou que 68,2% dessa população morava no Nordeste.

6) Pardos ultrapassam brancos e são o maior grupo étnico-racial

A população parda superou a população branca e é agora o maior grupo étnico-racial do Brasil. Em 2022, 92,1 milhões de habitantes se declararam pardos, o que representa 45,3% de todos os brasileiros. Os brancos somaram 43,5% (88,2 milhões de pessoas),

O percentual da população que se reconhece como preta também subiu e atingiu 10,2% —cerca de 20,6 milhões de pessoas. O crescimento foi de 42,3%, o segundo maior ao longo da última década, atrás apenas do aumento da população indígena, que cresceu 89% entre 2010 e 2022, chegando a 1,6 milhão de pessoas, ou 0,8% da população.

Para Thales Vieria, coordenador-executivo do Observatório da Branquitude, as mudanças estão relacionadas ao maior autorreconhecimento racial. "Isso é fruto de um esforço real do movimento negro, de organizações, da sociedade civil, para o aumento de autopercepção para a criação de políticas públicas", diz.

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