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Descrição de chapéu Obituário Leocádia Alves da Silva (1931 - 2023)

Mortes: Gestora por décadas, defendia a cultura popular nordestina

Leda Alves foi atriz de grupo criado por Hermilo Borba Filho e Ariano Suassuna

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Juazeiro (BA)

Quando "A Farsa da Boa Preguiça" de Ariano Suassuna foi encenada pela primeira vez, em 1961, poucas mulheres faziam teatro em Pernambuco. No elenco do Teatro de Arena do Recife estava Leda Alves, aos 29 anos, interpretando uma personagem de palavras insinuantes para a época.

O talento de Leocádia Alves da Silva apareceu na infância, ao declamar poesias e ao atuar nas peças de um primo. Criada em família católica, das que rezam o terço diariamente, foi nas pastorais que iniciou na ação social e no teatro de grupo.

Em um anúncio de jornal, soube do vestibular para teatro na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e seguiu carreira. Foi uma das integrantes do Teatro Popular do Nordeste, grupo criado por Hermilo Borba Filho e Ariano Suassuna com a proposta de buscar uma maneira nordestina de encenar.

Leocádia Alves da Silva (1931 - 2023) - Jan Ribeiro/Secult-PE/Fundarpe

Contava que foi do palco que viu Hermilo pela primeira vez. O professor de dramaturgia assistiu a uma de suas primeiras peças e fez elogios a ela em uma crítica. Anos depois, se casaram.

Germano Haiut, 85, dividiu palco com Leda e diz que sua personalidade exigente fazia as coisas funcionarem no grupo. "Ela era o grande sustentáculo. Nos bastidores, era terrível, no bom sentido. Não deixava uma roupa sem passar, tudo impecável".

Após os ensaios, o elenco frequentava terreiros para aprender com os mestres de cultura popular. Ali, Leda se encontrou com mais uma paixão, as tradições nordestinas, que viria a defender por toda vida.

Com o fim do grupo, Leda se aposentou dos palcos. Passou a atuar na gestão cultural. Comandou o Teatro de Santa Isabel e foi secretária de Cultura do Recife (2013-2020). Também presidiu a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), a Fundação de Cultura Cidade do Recife e a Companhia Editora de Pernambuco.

Nesses espaços, criou premiações para a cena pernambucana e incentivou a publicação de livros, sempre com um olhar atencioso para as culturas populares. "Leda foi fundamental para as políticas públicas, principalmente nos direitos da cultura popular", afirma o ator e diretor Carlos Carvalho, 69.

A artista, que falava francês e espanhol, transitava de dom Helder Câmara e Miguel Arraes aos brincantes dos maracatus da zona rural de Pernambuco. Carvalho conta que uma vez foi levado por Leda para um maracatu no meio de um canavial. Ela, já com seus 89 anos, brincou a noite toda e ainda seguiu para outro evento.

Depois de ter Covid-19, em 2020, Leda reduziu sua rotina pública. Morreu no dia 4 de novembro, aos 92 anos, por insuficiência respiratória.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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