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A Promotoria de Justiça da 6ª Vara do Júri da capital deu parecer favorável à prisão preventiva o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, 24, envolvido no acidente que causou a morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, 52, feito pela Polícia Civil neste fim de semana. A promotoria também é favorável à apreensão de passaporte e outras medidas cautelares, para o caso de a Justiça entender que ele deve responder em liberdade.
Entre outras medidas cautelares estariam a suspensão da CNH (Carteira Nacional de Hebilitação), proibição de sair da área de jurisdição da vara, entrega de aparelhos celulares e proibição do contato com testemunhas do caso.
A promotora Monique Ratton concordou com argumentos da Polícia Civil para que ele seja preso durante o julgamento. Os principais motivos são a suspensão da CNH de Sastre há pouco tempo e o fato de ele ter dinheiro suficiente para sair do país.
"Ele voltou a andar em excesso de velocidade —ele perdeu a carteira por uma multa por excesso de velocidade na cidade de Cascavel, no Paraná", disse o delegado Carlos Henrique Ruiz, da 5ª Delegacia Seccional da capital, neste sábado (6).
"Existem indícios de que ele estava embriagado. Testemunhas dizem que ele apresentava voz pastosa, andar cambaleante, essa é mais uma questão relevante a ser considerada, bem como o poder econômico, porque existe a possibilidade de ele se evadir, sair do estado ou até do país.", completou.
A Justiça já havia negado um pedido de prisão do empresário feito pela polícia nesta semana. Na ocasião, o Tribunal de Justiça entendeu "não estarem presentes os requisitos necessários". A defesa dele, representada pela advogada Carine Acardo Garcia, diz ainda não ter conhecimento do pedido de prisão deste fim de semana.
Segundo a Polícia Civil, agora a tendência é que a decisão seja tomada pelo juiz do Tribunal do Júri, e não durante o plantão judicial no fim de semana, uma vez que a competência pelo processo já foi designada a essa vara. Nesse caso, o mais provável é que uma decisão judicial sobre o pedido de prisão seja tomada a partir de segunda-feira (8).
A colisão aconteceu na avenida Salim Farah Maluf por volta das 2h do último domingo (31). Sastre perdeu o controle do Porsche e colidiu na traseira de um Renault Sandero, de acordo com policiais militares que atenderam a ocorrência. Atingido, Ornaldo foi socorrido e encaminhado ao Hospital Municipal do Tatuapé, onde morreu.
Fernando foi indiciado criminalmente por homicídio doloso, lesão corporal e fuga de local de acidente. O dono do Porsche se apresentou na delegacia apenas na tarde de segunda, mais de 30 horas após a colisão.
O Ministério Público afirma que Daniela Cristina de Medeiros Andrade, mãe do empresário que causou o acidente, tentou atrapalhar as investigações. De acordo com a Polícia Civil, o condutor do Porsche foi levado do local do acidente no carro da mãe sob a alegação de que seria atendido no hospital São Luiz. Com isso, os policiais militares que atenderam a ocorrência não aplicaram o teste do bafômetro.
A conduta da mãe do dono do Porsche também foi levada em consideração para o pedido de prisão, segundo o delegado Ruiz.
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou a PM está apurando se houve erro por parte dos policiais militares ao permitir que ele fosse socorrido pela mãe.
Investigação analisará novos vídeos
A investigação ainda está em andamento e há uma série de depoimentos esperados para os próximos dias. A polícia deve ouvir na próxima semana a namorada de Sastre, que deve dar sua versão sobre o fato de ele ter bebido antes de assumir o volante e sobre o relato de uma briga sobre o fato de ele insistir em dirigir o carro.
Segundo Ruiz, os policiais militares que atenderam a ocorrência também devem prestar um novo depoimento para esclarecer por que Sastre foi liberado para ser socorrido pela família. A investigação ainda deve analisar imagens das câmeras corporais da PM, de uma casa de pôquer e de um bar onde o dono do Porsche teria passado antes da colisão.
Uma análise preliminar de imagens da casa de pôquer não foi o suficiente para comprovar que ele tenha ingerido bebida alcoólica ou não --a polícia sustenta que há indícios de embriaguez por meio do depoimento de testemunhas.
Empresário foi aconselhado a não dirigir, disse testemunha
A companheira de Marcus Vinicius Machado Rocha, 22, amigo de Sastre que estava no Porsche durante a colisão, prestou depoimento à Polícia Civil nesta quarta-feira (3). Juliana Simões afirmou ter presenciado uma discussão entre o motorista e Rocha antes de os dois entrarem no Porsche, deixando uma casa de pôquer.
Segundo ela, Fernando foi aconselhado a não dirigir por estar um pouco alterado. A depoente ainda disse que, como não chegaram a um acordo, o empresário conduziu o Porsche porque não quis deixar outra pessoa dirigir o veículo.
O amigo então se ofereceu para ir com Fernando no Porsche para que ele não fizesse nada de errado, disse a jovem, e as duas os seguiram no Audi de Rocha. Algum tempo depois, o empresário acelerou e elas o perderam de vista. Em seguida, foram informadas sobre o acidente.
Em depoimento à polícia, Fernando afirmou não ter consumido bebida alcoólica ou drogas antes do acidente e disse estar um pouco acima da velocidade permitida na avenida quando bateu. Imagens de câmera de segurança de um posto de gasolina próximo ao local do acidente mostram o carro de luxo trafegando muito acima da velocidade de outros veículos.
Nesta sexta-feira (5), uma testemunha que não quis se identificar afirmou que Fernando e o amigo estavam visivelmente embriagados.
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