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'Que ninguém fique acima da lei', diz filho de motorista de aplicativo morto em acidente com Porsche

Filhos criticam fato de empresário ter deixado o local com autorização da polícia e falam em 'sentimento de impunidade'

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São Paulo

Os filhos do motorista Ornaldo da Silva Viana, 52, morto ao ter seu veículo atingido por um Porsche na madrugada de domingo (31), na zona leste de São Paulo, disseram ter "sentimento de impunidade e injustiça".

Em entrevista ao programa Encontro, da TV Globo, nesta terça (2), Lucas Morais, um dos filhos de Ornaldo, criticaram a condução do caso e o fato de o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, 24, ter deixado o local do acidente.

"A forma como ele se evadiu do local com a presença da polícia é [algo] muito complicado. É um sentimento de impunidade, de injustiça. Como acontece um acidente desse tamanho e simplesmente o cara sai do local, com a presença da polícia?", questionou.

Lucas e Luan Morais falam sobre a morte do pai, o motorista de aplicativo Ornaldo, no programa Encontro, nesta terça (2) - Reprodução/TV Globo

Ele pediu justiça e disse esperar "que ninguém fique acima da lei".

"Sobrou nada do carro. A quanto por hora esse cara estava? Espero que ele pague pelo que ele fez, que fique preso, que a justiça seja feita. Ninguém está acima da lei, independente da classe social, que ninguém fique acima da lei", concluiu.

Lucas também criticou decisão da Justiça que teria negado o pedido de prisão temporária do empresário, que se apresentou no 30º DP (Tatuapé) apenas no final da tarde de segunda (1º). A informação de que a prisão foi negada é da defesa do empresário.

"É um sentimento de muita injustiça e de tristeza pelo meu pai. Dá um sentimento de injustiça sobre isso [prisão negada]. É claro que a gente queria [a prisão], mas é trabalho da polícia isso, cabe à polícia", completou.

Luan Morais, outro filho de motorista, exaltou as características de Ornaldo.

"Meu pai era um cara que sempre estava lá ajudando a comunidade, a igreja, os programas sociais da igreja. Ele foi um ótimo pai. A gente está também com a nossa irmãzinha de 13 anos. Ela ficou muito abalada com o que aconteceu. É muito difícil. Ela vai crescer sem pai agora."

ENTENDA O CASO

De acordo com informações do boletim de ocorrência, o Porsche dirigido pelo empresário Fernando Sastre de Andrade Filho bateu na traseira do Sandero conduzido por Ornaldo da Silva Viana. Ele foi levado por bombeiros ao Hospital Municipal do Tatuapé, mas não resistiu aos múltiplos traumatismos e morreu. Imagens do acidente mostram o forte impacto da batida.

Em nota, os advogados de Fernando negam que seu cliente tenha fugido do local do acidente. De acordo com a defesa, quando o empresário deixou o local, acompanhado da mãe, as vítimas já estavam sendo socorridas —um passageiro do Porsche, de 22 anos, ficou ferido no acidente.

O empresário foi liberado pela Polícia Militar para ser levado ao Hospital São Luiz Ibirapuera, devido a um ferimento na boca, mas não foi encontrado no local por policiais que o procuraram na unidade para ouvi-lo e fazer o teste do bafômetro. A informação recebida pela PM foi que Fernando não havia dado entrada em nenhum hospital da rede São Luiz. Além disso, ele e a mãe não atenderam as ligações dos policiais.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou, em nota, que a PM apura a dinâmica da ocorrência para identificar eventual erro de procedimento.

Os advogados afirmam que havia receio de linchamento, pois "naquele momento ele passou a sofrer linchamento virtual" e por isso houve a decisão de "resguardo". A nota da defesa diz ainda que Fernando estava em choque com o acidente e a morte do motorista do outro veículo.

"Todas as circunstâncias do acidente serão devidamente apuradas no curso da investigação, com a mais ampla colaboração de Fernando", acrescenta a defesa.

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