Bolsonaro elogia e anuncia visita a prefeito de Chapecó defensor de tratamento sem eficácia contra Covid
Em evento, presidente afirma que irá à cidade cararinense para mostrar 'trabalho excepcional' de prefeito que promove o chamado tratamento precoce
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu novamente, nesta segunda-feira (5), o uso de medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19.
Em cerimônia de entrega de residências populares no Distrito Federal, Bolsonaro disse que viajará nesta semana para Chapecó (SC) onde, segundo ele, o prefeito João Rodrigues (PSD) faz "um trabalho excepcional" no "atendimento na ponta da linha" de quem necessita de tratamento.
A prefeitura liderada por Rodrigues intensificou no início de 2021 uma campanha pelo chamado tratamento precoce, com uso de medicamentos como ivermectina e cloroquina. As substâncias não têm eficácia comprovada contra a Covid-19.
"[Rodrigues é um] exemplo a ser seguido, por isso estou indo para lá. Para exatamente não só ver, mas mostrar a todo o Brasil que o vírus é grave, mas seus efeitos têm como ser combatidos. Mais ainda, naquele município —com toda certeza em mais [cidades], em alguns estados também— o médico tem a liberdade total para trabalhar com o paciente, total. Esse é dever do médico, uma obrigação e direito dele", declarou o presidente.
Em outro momento de seu discurso, Bolsonaro voltou a dizer que as políticas de enfrentamento ao vírus não podem ser mais nocivas do que a própria doença e defendeu que as pessoas voltem ao trabalho.
"O Brasil precisa voltar a trabalhar", disse.
Em Chapecó, os remédios do chamado tratamento precoce já eram ofertados, mas tiveram o uso estimulado depois que Rodrigues tomou posse em 1º de janeiro.
Bolsonaro advoga desde o ano passado o uso de cloroquina e ivermectina no tratamento da Covid-19, mesmo após diversos estudos não terem atestado que esses medicamentos funcionam para o combate ao vírus.
Especialistas alertam ainda que o chamado tratamento precoce pode estar associado a efeitos colaterais que muitas vezes agravam o quadro de pessoas que ingressam nos hospitais.
O próprio presidente afirma ter usado hidroxicloroquina quando se infectou com o vírus em meados do ano passado.
O Ministério da Saúde chegou a sugerir, em documento oficial, a prescrição de substâncias como a hidroxicloroquina e azitromicina.
Nos últimos meses, o governo Bolsonaro tem tentado se distanciar da defesa do chamado tratamento precoce, sem no entanto abandoná-lo completamente.
Bolsonaro, por exemplo, tem evitado citar diretamente o nome dos medicamentos —algo que fazia com frequência no ano passado— e passou a tratar do tema defendendo a autonomia do médico de prescrever o que julgar melhor para seus pacientes, mesmo nos casos em que não existe comprovação.
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