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Descrição de chapéu Coronavírus

Governo Bolsonaro deve adiar plano de derrubar máscaras após ômicron

Queiroga queria lançar recomendações antes do Natal, mas nova variante fez Saúde recuar

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Brasília

O Ministério da Saúde deve adiar o lançamento de recomendações sobre a retirada de máscaras ao ar livre. A previsão era apresentar um estudo antes do Natal, mas a variante ômicron do Sars-CoV-2, vírus que causa a Covid, fez a pasta mudar os planos.

A decisão sobre desobrigar o uso da proteção só deve ser tomada em 2022, pois ainda é preciso ter mais dados sobre os impactos da nova cepa, dizem integrantes do governo.

Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, durante evento em Brasília em outubro - Ueslei Marcelino - 8.out.2021/Reuters

A publicação do estudo sobre as máscaras era uma vontade do presidente Jair Bolsonaro (PL), mas foi suspensa para evitar críticas. O documento teria força simbólica e seria um aceno à base bolsonarista. Os municípios não seriam obrigados a seguir a recomendação do governo federal.

Em 10 de novembro, o ministro Marcelo Queiroga (Saúde) disse que iria "trabalhar firmemente para ter um Natal sem máscara".

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), também reavalia a liberação do equipamento de proteção. Ele pediu ao comitê científico do governo paulista nova avaliação sobre a necessidade do uso da proteção em ambientes abertos.

Na semana passada, o tucano anunciou que elas não seriam mais obrigatórias a partir do dia 11 de dezembro, caso os índices de casos, internações e mortes por Covid-19 seguissem baixando em São Paulo.

Mesmo antes da descoberta da ômicron, especialistas questionavam iniciativas de desestimular a cobrança das máscaras.

A chegada da variante colocou o governo Bolsonaro em alerta, mas ainda há forte resistência para adotar restrições mais duras, como o chamado passaporte da vacina para quem entra no Brasil.

A Secretaria da Saúde paulista confirmou nesta quarta-feira (1º) o terceiro caso da variante ômicron no Brasil. Há ainda casos suspeitos, sob investigação, no Distrito Federal, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

O governo Bolsonaro vetou o desembarque de viajantes de seis países africanos que registraram casos da variante. O Planalto ainda avalia ampliar a lista, a pedido da Anvisa, para dez nações sob restrições.

Na sexta-feira (26), o Ministério da Saúde fez um alerta às secretarias de saúde sobre a nova forma do vírus, potencialmente mais transmissível. No documento, a pasta comandada por Queiroga também reforça medidas de precaução.

Entre elas, o uso de máscaras, além do distanciamento social, a higienização das mãos, a limpeza e a desinfecção de ambientes e o isolamento de casos suspeitos e confirmados conforme orientações médicas.

"Estas medidas devem ser utilizadas de forma integrada, a fim de controlar a transmissão da Covid-19 e suas variantes, permitindo também a retomada gradual das atividades desenvolvidas pelos vários setores e o retorno seguro do convívio social", diz a mensagem.

Como revelou a Folha, o governo ignora desde 12 de novembro o pedido da Anvisa de cobrar o certificado de vacinação de quem entra no Brasil.

Uma das barreiras para cobrar o passaporte da vacina é o discurso negacionista de Bolsonaro. Desde o começo da pandemia ele distorce dados e lança dúvidas sobre a eficácia de distanciamento social, vacinas e máscaras.

O presidente já foi multado pelo governo de São Paulo e do Maranhão por desrespeitar a regra de uso de máscara, além de promover aglomeração em viagens aos estados.

No dia 10 de junho deste ano, Bolsonaro anunciou que Queiroga preparava um parecer sobre desobrigar o uso das máscaras. A regra frouxa seria para quem já foi vacinado contra a Covid ou já se infectou com o coronavírus, disse à epoca.

O ministro da Saúde, que defendeu o lema "pátria de máscaras" ao entrar no governo, autorizou a sua equipe a elaborar o estudo.

Queiroga tem modulado o discurso e investido na pauta bolsonarista para se agarrar ao cargo. Em entrevista ao Terça Livre, em agosto, canal investigado por disseminar fake news, o ministro disse ser contra a obrigatoriedade do uso de máscaras.

Em outubro, ele comparou uso de máscara e de preservativos. "Preservativos diminuem doenças sexualmente transmissíveis, mas vou fazer uma lei para obrigar as pessoas a usá-los? Imagina", disse.

O próprio ministro da Saúde passou a dispensar as máscaras em eventos no Palácio do Planalto.

Como mostrou a Folha, o estudo sobre as máscaras estava praticamente pronto desde outubro, mas o governo ainda aguardava o melhor momento para lançá-lo.

A ideia era recomendar a derrubada do uso obrigatório das máscaras com base em taxas de transmissibilidade, vacinação e demanda por leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Outros países também refizeram planos por causa da variante. Na Inglaterra, por exemplo, o premiê, Boris Johnson, determinou a volta do uso obrigatório de máscaras em lojas e no transporte público.

Os 27 membros da União Europeia, os Estados Unidos e mais uma série de países de diversos continentes suspenderam, na última semana, voos que partem do sul da África.

Israel decidiu proibir a entrada de todos os estrangeiros, tornando-se o primeiro país a fechar as fronteiras. Em seguida, o Japão tomou a mesma medida.

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