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Descrição de chapéu surfe

Chefe da Liga Mundial prevê crescimento do Brasil no surfe feminino

Executivo da WSL aponta caminho para que 'Brazilian Storm' tome proporção ainda maior

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São Paulo

Dono dos últimos quatro títulos mundiais –e de seis dos últimos oito–, o Brasil estabeleceu amplo domínio do circuito masculino de surfe. Há vários nomes consolidados, três campeões em ação, figuras emergentes. Só falta uma campeã.

De acordo com o executivo da WSL (Liga Mundial de Surfe), é questão de tempo.

Erik Logan, 50, vê na categoria feminina o próximo território a ser conquistado pela "Brazilian Storm", a "tempestade brasileira" que tomou de assalto a modalidade ao longo dos últimos quase dez anos. Segundo ele, além da prestigiada Tatiana Weston-Webb, há uma série de jovens com potencial para alcançar algo parecido com o que fizeram Adriano de Souza, Gabriel Medina, Italo Ferreira e Filipe Toledo no certame dos homens.

Tatiana Weston-Webb compete na etapa que decidiu a temporada 2022; ela foi eliminada pela campeã Stephanie Gilmore em etapa bem questionada - Sean M. Haffey - 8.set.22/AFP

"As mulheres brasileiras são ótimas. A Tatiana levou a Carissa Moore ao limite [na final de 2021]. Se você olhar a Luana, que agora está competindo pelo Brasil… Você não pode ignorar a Sophia Medina e os genes que ela carrega, sabe? Então, eu estou bastante confiante de que a hora delas vai chegar", disse o norte-americano à Folha.

Weston-Webb, 26, ficou muito perto do título em 2021 e em 2022 foi eliminada no torneio decisivo –em questionada decisão dos juízes– pela australiana Stephanie Gilmore, que viria a ser octocampeã do mundo naquele dia. Sophia Medina, 17, é irmã do tricampeão Gabriel e está na divisão de acesso à elite, assim como Luana Silva, 18, que nasceu no Havaí, mas é filha de brasileiros e anunciou em setembro que passaria a competir pelo Brasil.

O sucesso feminino verde-amarelo no mais alto nível seria importante para o surfe, de maneira geral, e para a WSL, de maneira particular, expandir seus tentáculos pelo país. Mesmo com todas as vitórias recentes, avalia a liga, há espaço para crescimento na terra dos últimos campeões.

"O Brasil é enormemente estratégico para o crescimento global do surfe. Ainda existem montes de potencial ao longo do país. Os eventos que fizemos até hoje no Brasil foram alguns dos mais bem-sucedidos, se não os mais bem-sucedidos, do calendário", afirmou Erik.

Saquarema, em 2022, foi o único local do planeta a receber um evento do circuito de elite, um da divisão de acesso, um de longboard, um das qualificatórias regionais e um do Mundial júnior. A cidade fluminense tem uma boa relação com a direção da liga, que busca novas oportunidades na costa brasileira.

Samuel Pupo executa manobra aérea em Saquerema - Carl de Souza - 28.jun.22/AFP

"A conexão que os fãs [em Saquarema] têm com o surfe é uma das coisas mais empolgantes para nosso negócio. Mas, se você pega isso e expande um pouco, o que temos é o alinhamento cultural e a oportunidade que o surfe profissional tem no Brasil. Estamos sempre trabalhando com nosso time, com o Ivan [Martinho, executivo da liga para a América Latina], para destravar oportunidades e para organizar eventos regionais", disse Logan.

Destravar oportunidades é o que ele tem tentado fazer desde que assumiu o papel de CEO da WSL, em 2020. Homem de mídia, ex-presidente da rede da apresentadora Oprah Winfrey, o norte-americano usou sua experiência para tornar o esporte mais atrativo a pessoas que não estavam a ele habituados.

Em uma parceria com a produtora Box to Box –a mesma da série "Drive to Survive", da Netflix, decisiva para o crescimento da Fórmula 1 entre os jovens–, a liga produziu "Make or Break", que vai para sua segunda temporada na Apple TV+ mostrando bastidores do Mundial. Nos Estados Unidos, a liga exibe na emissora ABC o programa "The Ultimate Surfer", disputa entre atletas promissores conduzida pelo lendário Kelly Slater, 50, que vale convites para etapas da elite.

"Tem sido intencional. A Apple TV+, por exemplo, é uma plataforma global massiva com mais fãs do que nós temos na Liga Mundial de Surfe. Então, ter um material e contar uma história em plataformas com milhões de pessoas, expor nosso material e nosso esporte, só trará bons frutos por anos. O foco número um que temos como liga é realmente criar a maior plataforma do mundo para o surfe profissional", afirmou Logan.

Nesse esforço de apresentar um produto atraente, a WSL mudou o formato do campeonato, que tradicionalmente ocorria em disputa do tipo pontos corridos, muitas vezes decidida com antecedência. Desde 2021 os cinco melhores homens e as cinco melhores mulheres da temporada brigam pelo título em uma etapa final. O quinto, com muito menos pontos, pode escalar até o topo batendo aqueles à sua frente no ranking.

Se o torneio ficou mais emocionante, a mudança não foi bem recebida por parte dos fãs tradicionais do esporte. E também por alguns dos principais surfistas da elite, como o brasileiro Italo Ferreira, campeão do mundo em 2019.

"Se você perguntar para a maioria dos surfistas, eles vão falar que não são favor. Às vezes, são muito radicais algumas mudanças. Aí a gente tem que se adaptar muito rapidamente", disse à Folha o potiguar. "Mas o jogo é jogado, né? Botando para o outro lado, do business, isso acaba trazendo mais marcas, mais empresas e mais dinheiro para que todo aquele espetáculo aconteça. Faz parte do game."

Italo Ferreira é contra o novo sistema de disputa do Mundial - Sean M. Haffey - 6.set.22/AFP

De acordo com Logan, as alterações têm sido "um enorme sucesso por todas as métricas". Segundo, ele, houve entre a primeira e a segunda edição da etapa vale-tudo, o WSL Finals, um crescimento de 22% na audiência, que atingiu nível recorde. A liga implantou também um corte no meio da temporada, quando sobrevivem na disputa 22 homens e 12 mulheres –há também cota para convidados.

Os demais têm de buscar na divisão de acesso, a Challenger Series, o retorno à elite. Mais drama, mais imagens para a série da Apple.

"Em todos os esportes, seja o futebol, o futebol americano, o beisebol, a F1, você vê as ligas inovando para refletir os anseios dos fãs, buscando um engajamento de outra maneira. Nosso esporte não é diferente. As mudanças estabelecidas nos últimos três ou quatro anos parecem muito substanciais. Mas a realidade é que não havíamos instituído muita mudança em ao menos uma década, talvez mais", afirmou o executivo.

"Então, quando um esporte passa por mudanças, você vai sempre ter uma reação das pessoas mais tradicionalistas. O que nós fazemos como liga é levar tudo isso em consideração, consultar nossos surfistas e nossos parceiros, e trabalhar na melhor maneira para continuar levando o esporte adiante, para ter o engajamento de um público vasto e jovem", acrescentou.

A WSL, que durante anos teve problemas para evitar o vermelho, não divulga seus números. Mas, segundo Erik, os prejuízos causados pela pandemia de Covid-19 foram superados. "Posso dizer, sem nenhuma dúvida, que este é o mais saudável estado financeiro da companhia na história do esporte. Estamos felizes com o ponto em que estamos e muito empolgados sobre aonde estamos indo."

A nova temporada começará neste domingo (29), com a abertura da janela para a etapa nas tradicionais ondas de Pipeline, no Havaí. Filipe Toledo defenderá seu título, cobiçado por mais nove brasileiros. A disputa feminina, por enquanto, tem apenas uma brasileira, Tatiana Weston-Webb, que, espera a WSL, logo terá a concorrência de Luana Silva, Sophia Medina e outras compatriotas.

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