Judoca Rafael Macedo leva terceira punição e perde bronze
Atleta recebe shido a cinco segundos do final da luta em decisão criticada pela CBJ
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O judoca brasileiro Rafael Macedo perdeu, nesta quarta-feira (31), a disputa pela medalha de bronze na categoria peso médio (até 90 kg) para o número 38 do mundo, o francês Maxime-Gaël Ngayap Hambou, na Arena Campo de Marte, em Paris. O atleta da Sogipa recebeu a terceira punição a cinco segundos do final da luta. A decisão gerou confusão e críticas.
O brasileiro buscava imobilizar o adversário, quando o árbitro Vyacheslav Pereteyko, do Uzbequistão, interrompeu o combate e determinou a vitória do francês. Macedo abriu os braços, demonstrando indignação. A equipe brasileira ficou sem entender qual havia sido a marcação. "É uma vergonha. Alguém entendeu? Eu não entendi", afirmou o técnico da seleção Kiko Pereira, à TV Globo, ainda próximo ao tatame.
Pouco depois, a emissora mostrou que o Macedo colocou os dedos por dentro da manga do rival, o que, em tese, poderia ter sido a marcação. Segundo a Confederação Brasileira de Judô, a penalidade ocorreu por uma outra razão e por uma nova interpretação das regras.
Depois, mais calmo, o treinador afirmou que, "se está na regra, está certo, mas não é uma punição comum". "Rafael estava melhor na luta."
No site oficial das Olimpíadas, que normalmente descreve a interpretação dos golpes anotados pela arbitragem e também a razão das penalidades, a irregularidade flagrada aparecia como "indeterminada".
"Não sei, não entendi direito a punição, mas acredito que os árbitros ali têm muitas câmeras, são muitos ali, eles vão sempre avaliar da melhor forma, então respeito a questão deles. E saio tranquilo, acho que eu dei o meu melhor. Fiz tudo o que eu sei, tudo o que eu consegui. Faz parte", declarou Macedo, que disputou a repescagem e venceu três combates na jornada.
A reação do atleta, de certa forma, se alinha à cultura do judô, em que é muito raro discutir ou mesmo criticar a decisão dos árbitros. Não há, inclusive, previsão de recurso para casos como o do brasileiro, segundo a CBJ. Ainda assim, a delegação aguardava pelo menos a explicação do terceiro e derradeiro shido, que determinou a vitória de Hambou.
"Realmente ficou confuso, não entendemos a punição. Inicialmente entendemos que ele [o árbitro] tinha dado punição por pegar dentro do quimono. Não foi isso, não ficou claro", declarou Marcelo Theotonio, chefe de equipe do judô em Paris.
"Quando fomos até a mesa, conversar com os responsáveis pela arbitragem, essa posição, quando você pressiona só a cabeça, é realmente considerado matê e shido. Seria esse último ponto que o Rafael sofreu. O duro é que tem um guia que mostra uma situação um pouco diferente. Mas ali eles abriram um outro guia, com uma regra mais atualizada, e mostra que é shido. É uma pena, lamentável."
Hambou, 23, que ganhou a quarta medalha francesa entre os médios, afirmou que Rafael usou um "tipo diferente" de técnica. "Ele usou a cabeça ao tentar o golpe e, por isso, levou um shido."
Rafael tentou aplicar um sankaku, técnica em que o judoca imobiliza o adversário pela cabeça e por um braço. O brasileiro, porém, teria imobilizado apenas a cabeça do francês –ou, pelo menos, assim o árbitro entendeu. Essa teria sido a razão do shido, segundo Hambou.
Indagado se se sentia injustiçado, Macedo manteve a serenidade. "Acredito que o resultado é a vontade de Deus. Eu saio com a consciência tranquila de ter dado o meu melhor, fiz tudo que estava ao meu alcance. Estudei o adversário, me preparei para a luta e estava seguindo minha estratégia, seguindo meu jogo. Eu fiz a minha parte."
Essa foi a segunda participação olímpica de Macedo. Em Tóquio-2020, o atual número 11 do ranking caiu ainda na primeira fase. Natural de São José dos Campos, o atleta de 29 anos começou a lutar em 1999 e se mudou para Porto Alegre para treinar no clube Sogipa. Em 2014, foi campeão mundial júnior.
Em Paris, Macedo ainda disputa o torneio por equipes mistas no sábado (3) e afirmou que agora é preciso "engolir a tristeza". "Do meu ponto de vista foi bom, foi muito legal, estar naquele tatame ali. Eu vou ter a oportunidade de estar de novo, subir de novo e posso sair com uma medalha daqui."
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