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Torre Eiffel, 135, vira musa dos Jogos

Diretor do maior ícone de Paris diz que meta é casar dois símbolos, monumento e megaevento

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Paris

A Torre Eiffel, 135, é a musa dos Jogos de Paris. Está em toda parte: na cerimônia de abertura, no cenário da arena do vôlei de praia, no pôster oficial, no design do pódio e até nas medalhas. Quem ganhar ouro, prata ou bronze levará no peito 18 gramas do ferro original do monumento, incrustados nelas.

Segundo os organizadores, esse ferro vem de um depósito de restos da torre, substituídos durante reformas ao longo das décadas. A Folha perguntou ao "prefeito" da Torre Eiffel, Patrick Branco Ruivo, onde fica esse depósito.

"É um segredo", respondeu Branco Ruivo, sorrindo. "Às vezes acontece, é raro, de trocarmos peças da torre. E por isso temos pedaços velhos dela, não muitos, mas o suficiente para dar aos nossos amigos do Cojop", acrescenta, referindo-se à sigla do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

Se esse segredo da dama de ferro persiste, outros mistérios serão revelados nesta sexta-feira (26), na cerimônia de abertura. Assim como os demais envolvidos com o espetáculo, Branco Ruivo não pode revelar muitos detalhes. Mas conta que o show terá doze "quadros" ao longo do rio Sena, e que o último deles será na torre.

Vista geral da Torre Eiffel com anéis olímpicos exibidos antes do evento - Reuters

Durante a cerimônia, Branco Ruivo, 53, e um grupo de convidados terão um dos pontos de vista mais privilegiados: o primeiro andar da Torre Eiffel, a 57 metros de altura. Será um momento especial para esse ex-aluno da Escola Nacional de Administração (ENA), formadora de muitos dos principais dirigentes políticos e empresariais da França.

Desde 2018 no comando da Torre Eiffel, ele se orgulha de chamar pelo nome os 450 funcionários da torre, e até muitos dos mais de 500 terceirizados de lojas, restaurantes, segurança e limpeza. "Somos mais de mil, o que eu chamo de família Torre Eiffel".

Quando Branco Ruivo assumiu a direção geral da torre, Paris tinha sido escolhida como sede dos Jogos apenas um ano antes. A colaboração estreita com os organizadores do evento ajudou a renovar a imagem do velho monumento. "Sou responsável pela torre no longo prazo. Ela pode durar mais mil anos. É preciso cuidar."

A empresa —que pertence à cidade de Paris, mas opera como sociedade anônima— tem buscado atrair um público sofisticado, "haut de gamme", como se diz em francês. A torre ganhou um logo alternativo, menos previsível, que apresenta o monumento visto de cima e não de frente. Foi criada uma visita guiada VIP, que custa cerca de R$ 12 mil, para grupos de até seis pessoas (a tarifa básica por adulto é de R$ 86). Também será lançada uma visita virtual.

Patrick Branco Ruivo, diretor da Torre Eiffel, em Paris; ele não revela onde ficam depositados os pedados da estrura que são retirados - Folhapress

Até a cor do monumento passou do tradicional marrom escuro para um tom, batizado de "amarelo-castanho", igual ao adotado entre 1907 e 1954. "Quando faz um belo céu azul, dá um pequeno efeito dourado", explica o diretor.

Também foram lançados produtos derivados com a marca da torre, como macarons (doce típico da França) e tênis. O tradicional restaurante Jules Verne, no segundo andar da torre, foi reformado e ganhou este ano sua segunda estrela no prestigiado Guia Michelin.

Um dos principais golpes de marketing foi a instalação para os Jogos, na face da torre que dá para o rio Sena, de cinco monumentais aneis olímpicos de aço francês, com 13 metros de altura e 30 de largura, a 70 metros de altura. Foi uma operação complexa, devido ao peso: 30 toneladas ao todo, equivalentes a 0,3% do peso da torre.

"São dois simbolismos que casamos. E é o símbolo que toca o coração das pessoas. Quando vejo os aneis, sinto uma emoção. Quando vejo a torre, sinto uma emoção. Quando vejo a torre mais os aneis, isso cria uma emoção ainda maior", diz o diretor da torre.

Branco Ruivo recebeu a Folha na semana passada em seu escritório, que, ao contrário do que se poderia imaginar, não fica a centenas de metros de altura, e sim no modesto segundo andar de um prédio comercial vizinho à torre.

Filho de alentejanos de Mina de São Domingos, que migraram para a França durante a ditadura de Salazar, Branco Ruivo fala um bom português, com sotaque mais brasileiro que lusitano —em 2003, estagiou seis meses na embaixada da França em Brasília.

Em setembro, o diretor da Torre Eiffel vai a São Paulo promover seu produto, em um evento da agência francesa de desenvolvimento do turismo. "O mercado brasileiro é importante para nós", explica. Os brasileiros representam 4% dos 6,5 milhões de visitantes anuais da torre. Têm fama de gastar muito e de gostar de luxo.

Poderão continuar gastando durante os Jogos: a Torre Eiffel vai abrir normalmente para visitação, apesar da proximidade das arenas do vôlei de praia (no Campo de Marte, jardim aos pés do monumento) e do judô e de luta (no pavilhão de exposições Grand Palais Éphémère).

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