Veja 10 dicas antirracistas para crianças darem aos adultos no dia a dia
Escritora Kiusam de Oliveira elabora sugestões que podem ser feitas aos responsáveis em casa, no restaurante e no futebol
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Neste dia da Consciência Negra (20), é comum ver textos falando sobre antirracismo, um jeito de pensar a vida de modo a evitar o preconceito e a discriminação das pessoas negras. Mas, mais do que pensar sobre isso, é necessário agir e praticar o antirracismo no dia a dia, como afirma Kiusam de Oliveira, professora e autora de livros como "Omo-oba: Histórias de Princesas e Príncipes" e "Tayó em Quadrinhos" (Companhia das Letrinhas).
Ela lembra que é possível ser racista sem nem se dar conta disso. Kiusam afirma que isso acontece porque pessoas brancas se acostumaram a apontar os negros como diferentes, inclusive enxergando-os como "coisas". "É tão sistematizado [organizado] que as pessoas brancas passaram a não perceber o 'jogo', e apenas reproduzi-lo", diz a escritora.
"Acredito que crianças são capazes de reproduzir as falas e práticas racistas que elas ouvem e veem em seu entorno cotidianamente. Até que um dia, de tanto observar enquanto se desenvolvem e crescem, terão aprendido, já na adolescência, a tornarem-se pessoas racistas, capazes de agir à base da violência e do ódio", completa Kiusam.
Ainda assim, ela diz, crianças e jovens estão ligados no problema que o racismo é e vêm buscando combatê-lo. Kiusam conta que recentemente foi fazer uma palestra sobre o tema em uma escola em Canela, no Rio Grande do Sul, e que, embora tenha se sentido desprezada por alguns alunos, outros a convidaram a refletir mais sobre o racismo.
"Eles disseram 'Nós não somos racistas, temos amigos negros, mas não manifestamos essa amizade publicamente pois nossas mães proíbem'. E perguntaram como poderiam mostrar aos pais e mães que não gostam do jeito que eles se referem às pessoas negras", diz Kiusam.
Ela acha que as escolas têm feito um bom papel no ensino da educação antirracista, e também com os ativistas sociais negros que se manifestam em palestras e nas redes sociais. "Nós estamos ocupando todos os espaços com orgulho e altivez, não aceitando migalhas e reivindicando respeito. As crianças são observadoras e estão propensas a desenvolverem suas virtudes", afirma.
Kiusam elaborou uma lista de 10 dicas que as crianças podem dar aos adultos e responsáveis para uma rotina livre do racismo. Veja abaixo.
Veja 10 dicas para dar aos adultos sobre antirracismo
- Quando seu responsável chegar ao restaurante, e em vez de dizer "Garçom!" ele chamar o funcionário destacando sua cor da pele o chamando de "negão", o alerte.
- Repare em como são chamados os amigos negros de seus pais e, se for por apelidos ligados à cor da pele, explique que não é legal, e que eles devem ser chamados pelo seu nome próprio.
- Quando sua família estiver contando piadas de negros, lembre os adultos do quão violentas estas piadas são. E que se uma piada usa de violência contra negros, não deveria ser divertida para ninguém. Avise que isso é considerado "racismo recreativo".
- Estar no estádio de futebol com os pais e familiares certamente é divertido, mas quando um jogador negro do time oposto fizer gol e alguém o xingar de "macaco", isso é racismo. Não reproduza isso. Em casa, num ambiente mais tranquilo, converse com a pessoa que disse isso e fale o quanto isso o incomodou.
- Quando um responsável te afastar de uma criança negra, tente saber o por quê e aponte que aquela é somente mais uma criança como você.
- Quando um familiar disser para você não brincar ou emprestar seus pertences para sua colega negra, fale para ela que isso é errado. Diga que se não é para emprestar, que essa seja uma regra que valha para todas, independentemente da cor da pessoa.
- Quando alguém quiser mudar você de sala porque você caiu na turma de uma professora negra, não permita que isso aconteça sem apontar a gravidade disso.
- Quando seus responsáveis não permitirem que você dance a quadrilha da festa junina com uma parceira ou parceiro negro, tente conversar para fazer com que desistam dessa ideia preconceituosa.
- Se seus pais e avós só elogiarem bebês brancos e não fizerem o mesmo com os bebês negros, alerte-os de que isso é racismo.
- Se você perceber que a professora só acaricia e elogia estudantes brancos, enquanto estudantes negros não recebem o mesmo carinho, alerte-a de que essa atitude pode ser preconceituosa.
TODO MUNDO LÊ JUNTO
Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança
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