Educação antirracista é tema de redações de crianças para aniversário da Folhinha

Turma da Escola da Vila que recebeu roda de conversa em agosto produz material especial para edição comemorativa

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São Paulo

As rodas de conversa em escolas são um dos projetos que a Folhinha desenvolveu logo depois da pandemia. A direção conversa com o jornal, que leva até a sala de aula uma palestra e uma proposta de atividade com alunos do ensino fundamental.

Em agosto passado, a roda aconteceu com a turma do 3º A da Escola da Vila, na Vila Indiana, em São Paulo. O tema naquela ocasião foi o uso de celulares e redes sociais pelas crianças. Depois desse dia, a Folhinha manteve contato com o pessoal do colégio, que agora participa da edição de aniversário mostrando textos que os alunos do 3º A escreveram sobre a educação antirracista que a escola vem promovendo.

Constance e Laura (dir.), que escreveu que pessoas negras têm que ter direitos garantidos - Zanone Fraissat/Folhapress

Maria Valentina M. G. C.

A educação antirracista dá mais perseverança às pessoas que sofreram racismo e bullying.

A Vila não traz apenas livros com personagens negros, mas também escrito por negros ou até biografias deles. Eu pelo menos digo que a educação antirracista é de fato importante, porque se crescermos sem saber sobre, imagina se cair isso numa prova da faculdade!

Eu nunca presenciei algum caso de racismo, mas já ouvi falar de um caso que aconteceu num restaurante, de um moço que não podia ser garçom por ser negro e o dono disse que ele tinha que lavar os pratos.

Estela Y. S.

Eu acho que educação antirracista é respeitar todos, e de todas as cores de pele, sem agredir. Não achar que todas as pessoas que são negras são pobres, sem achar que é porque é negro que não tem importância, e também respeitar os indígenas.

Acho que educação antirracista é ter escolas, faculdades que são mais diversas, que tem gente do mundo todo, de diversas cores e que respeita todos. Que aceita todo mundo e que conversa sobre o antirracismo.

É muito importante estudar o antirracismo porque se não estudar isso, você pode ser racista e se você não respeitar uma pessoa, os outros não vão te respeitar.

Eu já vi uma situação na escola que estavam xingando um menino porque ele era negro, estavam chamando ele de palavrão e por nada!

Mel Z. E. M.

Eu acho que o racismo é um preconceito com os negros e os indígenas.

E é importante estudar o racismo, para você não fazer isso com os outros, e as crianças que não estudam o racismo acham que o racismo é uma brincadeira.

E o racismo não é só com os negros. E o racismo é praticamente um bullying.

E não é só brancos que têm o direito, também os negros têm que ter o direito.

Joana M.

Respeitar os negros, pensar que todos tem direitos iguais, não ignorar as pessoas e não pensar que as pessoas são pobres por causa da pele. Tem pessoas que têm o preconceito com os negros só por causa da pele e tem gente que quando conhece uma pessoa, muda de opinião.

Na escola aconteceu racismo com uma boneca de pano e só porque ela era diferente. Chamaram ela de baixinha e pobre só porque ela era negra. Daí nos conversamos sobre isso.

Nina C. M.

Um dia eu trouxe uma boneca negra e eu me senti incomodada porque uma menina falou coisas da minha boneca, que ela não podia ser o que eu queria, porque era negra e feia, e eu fiquei muito triste.

No dia seguinte, fizemos uma roda e conversamos sobre o assunto. Eu me senti envergonhada, porque ficamos um tempão conversando por minha causa, mas eu acho que as meninas acabaram se sentido mal pelo que elas fizeram e entenderam que uma pessoa negra poder ser o que ela quiser.

Laura R. G.

Não é só com os negros o racismo, também é com os indígenas. Não é só os brancos que têm direito, os pretos também têm que ter direitos.

Professora Fernanda Beillo

Para promover uma educação antirracista, não bastam sensibilizações na semana da consciência negra ou uma conversa quando a situação de racismo já aconteceu. Também não dá para conversar sobre os negros pelo viés da escravização e achar que está sendo antirracista.

Para uma educação antirracista, é preciso antes de tudo, formação. Não só dos professores, mas de toda a equipe escolar. É preciso estudar, ler muito, ouvir estudiosos falando a respeito, discutir, enxergar o próprio racismo e desconstruí-lo. Como diz Lia Vainer, se não fizermos nada, já estamos sendo racistas.

É muito comum nos cadernos didáticos a representação apenas de pessoas brancas, literatura de autores homens e brancos, história contada pelo aconteceu na Europa, como se não houvesse história em outros lugares do mundo.

Um bom caminho para uma educação antirracista é a valorização: da produção intelectual, da cultura, da beleza e do saber ancestral de pessoas negras e afrodescendentes, para desconstruir o pensamento coletivo de que o normal é ser branco, de que os negros não podem ser ou estar em todos os lugares.

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