Siga a folha

Descrição de chapéu

Jesus and Mary Chain aplicam barulho de 1º disco em todo o show e deixam ouvidos zunindo por dias

Pouco se mexeram em cima do palco e interação com a plateia em SP se limitou ao obrigado macarrônico

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

O Jesus and Mary Chain pós-punk que você conhece não existe —quer dizer, existe em estúdio. Ao vivo, a banda escocesa deixa a batidinha dançante tão característica do final dos anos 1980 em segundo plano, atrás da distorção de duas guitarras tocadas em volume máximo.

Esta foi a impressão que ficou do quarto show do grupo no país, nesta quinta (27) à noite, em São Paulo. 

É como se a banda dos irmãos Jim e William Reid tivesse aplicado a barulheira característica de seu primeiro disco, "Psychocandy" (1985), em todas as 20 faixas executadas no palco do Tropical Butantã.

Show do Jesus and Mary Chain em SP - João Perassolo/Folhapress

Assim, as guitarras radiofônicas de hits como "April Skies" e "Head On", ambas de álbuns posteriores, ganharam uma dose extra de "sujeira" ao vivo. As faixas do "Psychocandy" em si, como "In a Hole" e "The Living End", eram tão ruidosas que vão deixar os ouvidos zunindo por dias.

Isto não só é um elogio como é até esperado pelos fãs de um grupo que praticamente inventou um gênero de música, o “shoegaze”, que ficou conhecido por suas paredes de guitarras, vocais soterrados e bandas formadas por músicos introspectivos, que tocavam olhando para o chão.

O Jesus e Mary Chain tocou o tempo inteiro em uma bela iluminação colorida em contra-luz, de tal forma que era impossível enxergar os rostos dos integrantes. A interação com a plateia se limitou ao “obrigado” macarrônico dito algumas vezes pelo vocalista Jim Reid, eles emendaram uma faixa na outra e pouco se mexeram em cima do palco —o guitarrista William Reid não saiu da frente de sua pilha de amplificadores. 

A ausência de carisma, contudo, não afetou um show coeso e bem executado, da primeira à última faixa, como se a banda cumprisse com precisão uma tarefa que lhe foi passada.

Ajudou aqui a qualidade do som da casa do Butantã, que não transformava o barulho das guitarras simultâneas em uma massaroca sonora na qual se perdem as nuances. Esta foi uma surpresa positiva, porque o lugar é frequentemente criticado pela péssima qualidade do som.

É difícil apontar um momento alto da apresentação, já que a plateia —formada basicamente por quem já passou dos 30— estava sorridente e imersa em uma bolha de microfonia que conectavas às músicas umas às outras. 

Vale destacar, contudo, como foi bonito ver todo mundo levantando seus celulares e gravando vídeos para os seus queridos na hora de "Just Like Honey", que ganhou um backing vocal feminino ao vivo. A música é uma das melhores da trilha de "Lost in Translation", filme de Sofia Coppola tão melancólico quanto a banda.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas