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Nova temporada de 'Stranger Things' leva suas metáforas para temas sociais

Além de monstros, personagens da série nostálgica terão de lidar com chegada de shopping center

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Santiago

A pequena Hawkins, cidade do interior americano, está para sofrer uma mudança significativa na terceira temporada de “Stranger Things”, série que viu sua popularidade decolar ao destacar referências sobre a cultura pop da década de 1980.

A nova leva de episódios estreia nesta quinta (4), no serviço de streaming Netflix.

As tais coisas estranhas do título em inglês —toda espécie de praga e demônio que vêm à superfície na primeira temporada— pareciam ter chegado a um ponto final no último episódio da segunda.

Mas a paz vai durar pouco. E, à parte o inferno que aqueles adolescentes precisam viver com o chamado Mundo Invertido, a cidade agora tem um novo problema no horizonte.

É um shopping que acaba de ser construído, ameaçando os comerciantes locais.

Parece trivial demais para a quantidade de fenômenos sobrenaturais que Hawkins já viveu, mas é simbólico que o capitalismo crave ali algo tão monumental. 

“É como se a cidade perdesse sua inocência”, diz Natalia Dyer, que interpreta uma das adolescentes mais velhas da trama. 

Com Charlie Heaton e Joe ​Keery, outros dois atores da série, Dyer esteve em Santiago para lançar a terceira temporada de “Stranger Things”. 

“Conforme você se aprofunda na dinâmica dos personagens, é natural que toque em assuntos mais diversificados”, diz a atriz. Seu papel agora tem a função de destacar ideias feministas. 

A personagem se tornou repórter, mas os homens da redação em que trabalha não a respeitam.

Teriam os irmãos Duffer, criadores da série, dado ouvidos a sugestões vindas do elenco sobre as questões que a política americana tem despertado no audiovisual?

Na série, como acontece no filme “Nós”, de Jordan Peele, o terror é usado para simbolizar uma América que vai se desenhando a partir do acúmulo de problemas antigos, como a escravidão.

Muito denso para uma série que começou descompromissada? Talvez seja esse um caminho no qual seus criadores estejam investindo. 

“É engraçado como aquele shopping transforma a pequena Hawkins. E como agora são esses mesmos shoppings que têm um problema em mãos, porque as coisas passaram a ser vendidas pela internet”, afirma Keery.

O ator tem 27 anos e conta que os shoppings nunca foram para ele e para seus amigos um ponto de encontro.

A série mostra esse universo, de adolescentes cercados por marcas de roupa, fast food e salas de cinema ocupadas por blockbusters. 

Os atores de “Stranger Things” não se veem dissociados daquela cultura. Num exercício de imaginar como uma série retrataria a década que vivemos hoje daqui 30 ou 40 anos, Heaton expressa ceticismo sobre a possibilidade de uma série fazer o mesmo tipo de retorno nostálgico. 

“As coisas se transformam com muita velocidade”, diz.

Ele se admira com as possibilidades da comunicação e cita como a tecnologia deu novo norte até a relações familiares. E o estilhaçamento provocado pelas redes não permite mais a criação de ícones pop da mesma magnitude de Madonna e Tears for Fears, que estão na trilha sonora da nova temporada. 

“Não existe mais esse tipo de banda ou artista icônico. As bandas são numerosas, os fãs se dividem”, afirma.

Mas ele aposta que o pop continuará cumprindo seu papel na composição de uma memória. E que o rap já ganhou seu lugar ao sol. Quem sabe outras coisas estranhas tragam essas referências recicladas daqui três ou quatro décadas?

O jornalista viajou a convite da Netflix

Stranger Things
Terceira temporada completa disponível na Netflix a partir de quinta (4)

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