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Cinema

Filme espanhol manipula o público ao exibir duas horas de publicidade sobre o perdão

Ator, roteirista e cineasta Juan Manuel Cotelo comanda 'O Maior Presente' como se fosse um abençoado

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O Maior Presente

Avaliação: Ruim
  • Quando: Estreia nesta quinta (19)
  • Classificação: 12 anos
  • Elenco: Juan Manuel Cotelo, Inés Sájara e Carlos Aguillo
  • Produção: Espanha, 2018
  • Direção: Juan Manuel Cotelo

Salas de cinema deixaram de ser lugar para ver filmes há muito tempo. As antigas viraram templos evangélicos ou estacionamentos. As novas, para sobreviver, também exibem óperas, shows de rock e jogos de futebol, quando não estão lotadas de cadeiras vazias assistindo à história exemplar de um pastor.

“O Maior Presente” introduz outra camada nessa longa decadência ao usar a sala como espaço para veicular quase duas horas de publicidade sobre o perdão.

Vender bons sentimentos como anestésico contra a difícil realidade é algo tão antigo quanto o cinema. O final feliz, as aventuras escapistas e o riso leve sempre fizeram parte do arsenal do entretenimento.

Embalar os valores numa ficção era um modo de transmiti-los, e o público se diverte sem perceber a manipulação. “O Maior Presente” ignora tudo isso para martelar que o perdão vence tudo.

O ator, roteirista e cineasta espanhol Juan Manuel Cotelo acumula as principais tarefas. Escreve, protagoniza e dirige o filme como se fosse um abençoado.

Seu ponto de partida é a fórmula gasta do filme dentro do filme. Cotelo faz o papel dele mesmo encarnando um diretor às voltas com a rodagem de um faroeste. As brincadeiras com alguns elementos do gênero, como o tema da vingança e o duelo, flertam com a paródia. Por isso, aguardamos situações capazes de disparar o riso.

O prólogo cômico, no entanto, funciona apenas para introduzir o assunto. Até o fim, assistiremos a uma sucessão de histórias exemplares. O formato de documentário que o filme assume serve para demonstrar a veracidade de cada relato.

Vítimas de ataques terroristas em Londres, da guerra civil na Colômbia e do genocídio da minoria tutsi por extremistas hutus em Ruanda misturam-se às histórias menos trágicas de violência doméstica e de desentendimento matrimonial.

Cotelo entrevista vítimas, sobrepõe relatos a imagens e termina cada bloco com a mesma mensagem simplória de que basta perdoar para o mundo voltar a ser um paraíso.

O formato pobre e a mensagem pronta tornam “O Maior Presente” igual a qualquer programa que as TVs religiosas exibem o dia inteiro para hipnotizar fiéis. Então, só quem estiver precisando de uma dose adicional de “amor” precisa pagar para crer.

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