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Cinema

Protagonista com Down não é representada como coitadinha em 'Dafne'

Carolina Raspanti incorpora personagem com comportamento tão próprio que passamos a duvidar que história seja ficcional

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Dafne

Avaliação: Bom
  • Quando: Estreia nesta quinta (19)
  • Classificação: 10 anos
  • Elenco: Carolina Raspanti, Antonio Piovanelli, Stefania Casini
  • Produção: Itália, 2019
  • Direção: Federico Bondi

Qual a distância entre intérpretes e personagens?, pergunta o espectador curioso ao assistir a filmes com desempenhos intensos. O longa italiano “Dafne” embaralha mais ainda esta separação ao escolher como protagonista uma jovem com síndrome de Down.

Desde a primeira cena, Carolina Raspanti incorpora uma personagem com imagem e comportamento tão próprios que passamos a duvidar que a história na tela seja ficcional.

A estratégia de usar atores não profissionais não foi inventada pelos criadores do neorrealismo italiano nos anos 1940, mas o movimento conseguiu por meio desse recurso intensificar a forte impressão de realidade que seus filmes provocam.

Décadas mais tarde, Federico Bondi, diretor de “Dafne”, confirma as vantagens do procedimento ao utilizar este princípio tão apropriado para sugerir autenticidade.

A personagem-título perde a mãe e precisa assumir, como qualquer outro, as rédeas de sua existência, apesar de ter características que a tornam “especial”. A exploração burlesca das características físicas e emocionais da protagonista ou o sentimentalismo são os maiores riscos que a direção cautelosa de Bondi evita.

Para não cair nestas facilidades, o filme inverte o esquema utilizado em “O Oitavo Dia” (1996) e “Colegas” (2012), que reiteram a diferença de seus personagens interpretados por atores com síndrome de Down. Dafne, por sua vez, vive, trabalha e deseja como qualquer outro e sua segurança emocional a libera de relações de dependência.

Ela subverte os estereótipos que ainda fazem muitos confundirem diferenças genéticas e deficiências com “doenças”. Afirmativa, a personagem em momento nenhum é representada como “coitadinha”.

Além de partilhar a grande tradição realista do cinema italiano, Bondi reafirma sua vocação humanista, usando sem abusos o poder dos sentimentos. Enquadramentos à distância substituem o exagero de closes lacrimosos, elipses nos poupam de excessos emocionais.

São controles que também distinguem “Dafne” da avalanche de filmes afirmativos, pois sua mensagem é entregue embrulhada em papel de fábula.

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