Siga a folha

Descrição de chapéu
Cinema

Documentário traz sensibilidade esquecida de quem vive na cracolândia

'Diz a Ela que me Viu Chorar' mostra vida de ex-moradores de hotel social no centro de São Paulo

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

DIZ A ELA QUE ME VIU CHORAR

Avaliação: Ótimo
  • Quando: Em cartaz
  • Classificação: 16 anos
  • Produção: Brasil, 2018
  • Direção: Maíra Bühler

“Diz a Ela que me Viu Chorar” é mais um filme no rastro de Eduardo Coutinho (1933-2014), o mais inovador documentarista que o cinema brasileiro conheceu.

Como o diretor de “Edifício Master” (2002) costumava fazer, Maíra Bühler limitou seu filme a um local específico, o hotel social Parque Dom Pedro, no centro de São Paulo. Antes de ser desativado no início de 2017 pelo então prefeito João Doria (PSDB), o lugar integrava um programa de redução de danos voltado para usuários de drogas, especialmente de crack.

Em “Documentário Contemporâneo (2000-2016)”, um dos ensaios do livro “Nova História do Cinema Brasileiro”, o crítico Carlos Alberto Mattos escreve que Coutinho abre espaço “para a autofabulação dos personagens”.

É nesse fio que Bühler (“A Vida Privada dos Hipopótamos”) se equilibra, sem tombar para os extremos, o que daria ao filme um caráter maniqueísta. Ela jamais trata os viciados como parte de uma bandidagem a ser expurgada da sociedade, mas também se distancia do tom piedoso.

Recém-lançado como parte do projeto Sessão Vitrine, “Diz a Ela que me Viu Chorar” expõe sinais da degradação humana, desdobramentos da dependência química, mas sem desrespeitar aqueles que aceitaram participar do filme.

Um homem enfurecido vai atrás de outro para brigar. A câmera o acompanha até determinado ponto. Não vemos o embate, apenas ouvimos a troca de agressões. Interessa ao documentário exibir aquilo que o estereótipo esconde, especialmente a solidão dos moradores e as relações de afeto entre eles.  

Parece um tanto óbvio, mas talvez seja cômodo não lembrar: os usuários de crack são enigmáticos e vulneráveis como qualquer um de nós. Formada em antropologia, Bühler aprendeu a não julgar seus personagens. Prefere buscar neles uma sensibilidade esquecida.  

A influência de Coutinho é inegável, mas a diretora exibe um olhar próprio. A beleza melancólica das cenas do alto do prédio que abriga o hotel evidencia um talento que merece atenção.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas