Eterno 'não é você, sou eu' de livro é tortura para os românticos
Com história de amor nos tempos dos millennials, 'Pessoas Normais' chegou ao Brasil depois de fazer barulho lá fora
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"Pessoas Normais", livro de Sally Rooney, chegou ao Brasil só depois de sua fama. O barulho da repercussão lá fora gerou expectativa. Esperava-se um livro sobre o amor nos tempos dos millennials e sobre luta de classes.
Quem foi ao volume por conta do segundo tema deu com os burros n’água —pior, nas mais de 200 páginas. Estão ali diferentes classes sociais sim, mas nada de luta.
Connell é filho da empregada doméstica da família de Marianne, mas eles estudam na mesma escola no interior da Irlanda. Eles vão para a mesma universidade e, em Dublin, Connell conhece riquíssimos colegas, que ele despreza. A luta acaba por aí. E as discussões sobre desigualdades sociais não têm volume nem sequer para encher um pint de Guinness.
Do amor dos millennials, mais vale guardar distância. São páginas e mais páginas de agonia, de desespero, levando o leitor a desejar poder entrar na história só para dar um sacolejo no casalzinho e dizer: “Escutem, vocês se amam, deixem de enrolação”.
Enquanto são adolescentes no interior, descobrindo seus sentimentos, entende-se a confusão, o chove não molha, as crueldades ditas para chatear o outro. Mas, com o passar dos anos, o não amadurecimento dos dois e a incapacidade de assumirem seus sentimentos só faz crescer o ódio no leitor torturado.
Os relacionamentos em nossos dias são marcados por eventos como a desaparição súbita e inexplicada de uma das partes —o tal “ghosting”— e a aleatoriedade dos aplicativos de encontros. Mas a apatia completa de Connell e Marianne diante do amor é irritante para qualquer um com um coração, em qualquer época.
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