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'Pessoas Normais' tem escrita sofisticada disfarçada

Romance da irlandesa Sally Rooney acompanha a relação turbulenta entre um menino popular e uma menina tímida

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SANTIAGO NAZARIAN

Pessoas Normais

Avaliação: Bom
  • Preço: R$ 54,90 (264 págs.)
  • Autoria: Sally Rooney
  • Editora: Companhia das Letras
  • Tradutora: Débora Landsberg

Connell é o atleta popular. Marianne é a garota esquisita. Durante o ensino médio eles engatam um romance secreto —e seguem com idas e vindas durante o espaço de quatro anos em que se passa a história, de 2011 a 2015, até o término da universidade.

Por vezes Connell se torna o recluso esquisito, Marianne vira estrela da faculdade, então o contexto muda. Mas a relação entre os dois permanece, num misto de amizade colorida e amor livre. 

“Pessoas Normais” é a segunda obra da jovem irlandesa Sally Rooney, de 28 anos, que estreou com “Conversas entre Amigos” (lançado no Brasil em 2017, pela Alfaguara) e se tornou um fenômeno literário, publicada em mais de uma dezena de países e finalista do Booker Prize.

Arte da capa do livro "Pessoas Normais", de Sally Rooney - Divulgação

É compreensível: sua escrita é sofisticada, fluida e, acima de tudo, eficiente. Ela inicia capítulos com saltos no tempo, para então recapitular e mostrar como as coisas chegaram até o momento presente. Os diálogos diretos são inseridos no texto sem separação de aspas (ou travessões, por aqui), como se toda sua escrita tivesse essa falsa despretensão coloquial. É esse o traço que mais salta no romance, ser falsamente despretensioso. 

Rooney tem mestrado em literatura americana e isso é flagrante não só na estrutura do texto, como no universo que retrata. Apesar de o livro se passar na Irlanda, não poderia ter um tom mais de “high school” americano, com as divisões entre os alunos, o bullying, o bailinho de formatura em que o menino precisa convidar a menina.

Com frequência surge um estranhamento quando o livro cita Dublin ou as viagens dos dois protagonistas pela Europa, nos lembrando que o livro não se passa nos Estados Unidos. Isso não é um problema em si, mas é um dos sintomas de a autora querer retratar “pessoas normais”, fazer uma “escrita normal”, eficiente, reconhecível e premiável. 

Ela não se arrisca, joga seguro —não há estranhamento, não há loucura, falta personalidade. 

Longe de ser um livro ruim, “Pessoas Normais” é, no final das contas, um livro de menininha —um bom livro de menininha. Mas espero que não crie escola, não precisamos de mais escritoras escrevendo normalzinho assim.

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