Descrição de chapéu AIDS medicina

Por que Cazuza, lembrado por Madonna, é símbolo da luta contra o HIV e a Aids

Cantor admitiu publicamente ter o vírus em entrevista à Folha em 1989; leia a reportagem original da época na íntegra agora

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São Paulo

Neste sábado, na praia de Copacabana, um retrato do cantor Cazuza será exibido no telão do show de Madonna, junto com outras figuras brasileiras que tiveram o vírus HIV, como Betinho e Renato Russo. A homenagem será durante a apresentação da música "Live to Tell", de 1986. O cantor morreu em decorrência da Aids em 1990.

Cazuza fotografado por Vania Toledo
Cazuza fotografado por Vania Toledo - Coleção Vania Toledo/Instituto Moreira Salles

Ao longo de toda a turnê "Celebration", a performance da faixa tem sido acompanhada de fotos de personalidades que morreram em decorrência da infecção pelo HIV, como Freddie Mercury.

Cazuza, no auge da fama, foi uma das primeiras celebridades brasileiras a admitir publicamente que tinha Aids. Em entrevista exclusiva a Zeca Camargo, publicada na Ilustrada, no dia 13 de fevereiro de 1989, o cantor Cazuza admitiu que tinha o vírus. Segundo especialistas, a atitude foi importante para abrir uma discussão pública sobre o assunto e passar a tratar o tópico como saúde pública e não uma questão moral.

"Há algum tempo eu deixei de esconder isso. Acho que foi graças a Marília Gabriela, que me deu um toque", disse o cantor. Em uma então recente entrevista à jornalista, o cantor havia negado que tinha o vírus. "Foi depois disso que ela veio me falar que não fazia sentido o fato de eu negar o vírus e a minha posição liberal como artista."

Na entrevista ele se mostrou otimista em relação a sua saúde. "Tenho certeza que vou viver pelo menos até uns 70 anos", disse.

Leia a reportagem original na íntegra abaixo.

Nessa época, Cazuza chegou a dizer que a Aids caiu "como uma luva, modelinho perfeito da direita e da Igreja", por impulsionar o moralismo e a homofobia.

O legado do artista permaneceu vivo por meio da mãe, Lucinha Araújo, que fundou a Sociedade Viva Cazuza, que tinha como foco a assistência social de jovens soropositivos e que fechou as portas em 2020, após 30 anos em atividade. "Tenho 30 anos de dedicação à sociedade e estou com 84 anos. Acho que já cumpri minha missão", disse Araújo, então, à coluna do jornalista Ancelmo Gois, no jornal O Globo.

"Senhoras e senhores, trago boas novas", Cazuza canta, num de seus versos mais famosos, de "Boas Novas", faixa de 1988. "Eu vi a cara da morte, e ela estava viva."

Antes da música, o cantor e compositor, hoje se sabe, havia sido internado com problemas decorrentes do HIV, e teve dias entre a vida e a morte. Àquela altura, o diagnóstico de Cazuza ainda não era conhecido pelo público, mas seu nome já estava atrelado à doença, que nos anos 1980 era tanto novidade quanto uma sentença de morte.

Cazuza mudou sua perspectiva em relação à vida, o que também deu combustível à sua vertente social. É dessa época sua trinca de músicas políticas —"O Tempo Não Para", "Ideologia" e "Brasil". "Parei de falar um pouco do meu quintal e passei a falar da minha geração", disse, em 1989.

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