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Greta Gerwig está em sua melhor forma em 'Adoráveis Mulheres'

Nova versão para o cinema reforça lado feminista de 'Mulherzinhas'

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Adoráveis Mulheres

Avaliação: Ótimo
  • Quando: Estreia nesta quinta (9)
  • Classificação: 10 anos
  • Elenco: Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh
  • Produção: EUA, 2020
  • Direção: Greta Gerwig


Na primeira cena de “Adoráveis Mulheres”, Jo March (Saoirse Ronan) está na mesa do senhor Dashwood (Tracy Letts), um editor, tentando vender um conto que ela escreveu. Como é arrimo de família, está desesperada para que ele compre. Ele lhe dá um conselho: “Se você pretende continuar escrevendo sobre mulheres, faça com que as histórias sejam curtas e picantes. E que a protagonista se case no final. Ou morra”. Jo sai de lá intrigada e volta para o quarto de pensão onde mora em Nova York.

Esta é a sétima adaptação para o cinema do romance “Mulherzinhas”, de 1868, escrito por Louisa May Alcott. Conta a história da família March, que tem quatro filhas, Jo, alter ego da autora, uma garota voluntariosa que escreve furiosamente, Meg (Emma Watson), a mais velha, que sonha em ser atriz, Beth (Eliza Scanlen), “a quietinha”, que toca piano lindamente, e a caçula Amy, que quer ser uma grande pintora. 

Elas vivem na pequena Concord, no estado americano de Massachusetts, com a mãe, Marmee (Laura Dern), enquanto o pai (Bob Odenkirk) luta na guerra civil americana. 

O que torna esta versão especial é o roteiro esperto, que mistura com flashbacks duas épocas diferentes, o fim da infância e a juventude das personagens. Criado a partir do livro, mas também da vida da autora e de cartas que escreveu, “Adoráveis Mulheres” vai além para afirmar o caráter feminista da história, numa época em que quase todos os sonhos das mulheres vinham em segundo plano, depois da obrigação de formar uma família. 

Também tem a direção precisa, que, assim como o roteiro, é de Greta Gerwig (“Lady Bird”), aqui em sua melhor forma. 

A atriz e diretora poderia perfeitamente ser uma das protagonistas, com seu jeito ao mesmo tempo atemporal e moderno. Mas ela traz essas qualidades para o filme, apesar de manter a trama no século 19, época em que a autora viveu e quando se passa o livro. 

Adicionando gravitas ao forte elenco feminino está Meryl Streep, como a tia March, que aparece pouco mas tem algumas das melhores falas. 

Do lado masculino, o elenco também tem ótimos nomes. Além de Odenkirk e Letts, estão Chris Cooper, como Laurence, o vizinho rico, Timothée Chalamet como seu neto Laurie, o melhor amigo de Jo, e Louis Garrel, como Friedrich, um colega de pensão de Jo.   

Mas esse é um filme de mulheres, sobre a relação entre elas, que têm um forte vínculo como irmãs mas também existe competitividade e sacrifício. 

A casa da família March é um lugar em que viver é sempre uma festa, não só porque é povoada por quatro mulheres jovens e sonhadoras e uma adulta que dá suporte emocional para os talentos e desejos de cada uma, mas também porque ali tudo parece ser construído para que a humanidade se represente da melhor forma possível. 

Em um café da manhã, com a mesa farta, Marmee sugere que elas embalem tudo e levem a uma família mais pobre que elas, com cinco filhos, que vive em uma casa de madeira caindo aos pedaços. 

Se isso parece uma coisa que só aconteceria no passado, que romanticamente pensamos ser um tempo de mais bondade e menos violência, a passagem só faz sentido porque diz algo a respeito dos dias de hoje. 

Tudo é assim nesse longa-metragem. Apesar da paisagem rural, da família idealista em que uma briga por posição política parece impossível, dos vizinhos cheios de charme e até da tia má, que no fundo é cômica e generosa, todos os sentimentos por trás de cada cena são atuais e urgentes, quase arquetípicos —um filme feito quase na segunda década do século 21, para ser visto agora. 

O passado, na história, serve para o público observar o presente. E, talvez, pensar no que cada um pode melhorar.

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