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Protagonista de 'O Rei', Timothée Chalamet também está em filmes de Wes Anderson e Woody Allen

Recusado em 2015 nos testes para ser o novo Homem-Aranha, ele tem escolhido projetos ousados e personagens incomuns

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Janaina Pereira
Veneza

Ele arrastou uma multidão durante seus dias no Festival de Veneza. Desde que interpretou o tímido Elio em “Me Chame Pelo Seu Nome”, em atuação que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, Timothée Chalamet se tornou o ator mais cobiçado de sua geração. 

E Chalamet tem se mostrado capaz de correr riscos. Recusado em 2015 nos testes para ser o novo Homem-Aranha —papel que ficou com Tom Holland—, ele tem escolhido desde então projetos ousados e personagens incomuns. E Veneza viu, fora de competição, seu novo trabalho, “O Rei”, inspirado em “Henrique 4º” e “Henrique 5º”, peças de Shakespeare.

“O Rei” é um ambicioso projeto do cineasta australiano David Michôd —diretor em ascensão conhecido pelo road movie “A Caçada” (2014)— e produzido pela Plano B, de Brad Pitt, em parceria com a Netflix.

Depois da première mundial em Veneza, e de uma estreia limitada nos cinemas americanos, o filme chega ao streaming no dia 1º de novembro. É, também, uma das apostas da Netflix para o Oscar 2020, especialmente nas categorias técnicas.

Além de Timmy, como é chamado pelos amigos e fãs, o longa tem Joel Edgerton (coprodutor e roteirista da trama, ao lado de Michôd), Robert Pattinson, Ben Mendelsohn, Lily-Rose Depp e Sean Harris no elenco. 

Chalamet interpreta Hal, jovem príncipe rebelde que é obrigado a assumir o trono da Inglaterra após a morte de seu pai, Henrique 4º (Ben Mendelsohn). Mesmo contrariado, passa a ser chamado de Henrique 5º e precisa enfrentar a descrença de seus súditos, contando apenas com o fiel escudeiro Falstaff (Joel Edgerton). O ator de 23 anos foi a primeira escolha do diretor para o papel.

“Eu e Joel somos grandes amigos e, quando ele me falou sobre adaptarmos Henrique 4° e 5°, sabia que seria intenso. Precisava de um ator que absorvesse isso e Timmy foi a nossa única escolha. Adoro sua performance em 'Me Chame pelo Seu Nome' e 'Querido Menino', e não pensava em outro ator para o papel”, conta David Michôd em entrevista durante o Festival de Veneza.

Joel Edgerton, que interpretou Hal no teatro, reforçou a decisão. “Quando eu e David começamos a escrever o roteiro, pensamos em alguém jovem que pudesse se transformar na tela. Claro que eu, que já fiz o personagem, pensei em mim para fazê-lo outra vez (risos), mas não posso mais ser um jovem rei coroado aos 26 anos. Embora Timmy seja mais novo, ele tem a essência que o papel exige. Ele se transforma naquilo que o personagem precisa ser. E, durante o filme, isso é visível”, elogia.

E Timothée Chalamet correspondeu às expectativas: sua atuação é um dos destaques de "O Rei". O ator contou à Folha os motivos que o levaram a entrar nesse projeto. “Com o sucesso de 'Me Chame pelo Seu Nome' e 'Querido Menino', era natural que as pessoas ficassem ansiosas em me ver atuando novamente. Mas eu queria fazer algo diferente daquilo que esperavam de mim. Não queria alguma coisa óbvia. E quando o David me chamou para o projeto, fiquei realmente motivado, porque tinha vontade de trabalhar com ele e com o Joel, um ator que admiro, também um grande diretor, produtor e roteirista, um cara que me ensinou muito durante as filmagens”.

"O Rei" faz uma reflexão sobre um jovem alçado ao poder, tentando dar um rumo diferente ao seu país. Os roteiristas optaram por não colocar frases marcantes de Shakespeare para tornar o filme mais atual.

“O Joel e o David tiveram o cuidado de fazer uma adaptação livre, então o fundamental está lá, mas podemos facilmente enxergar nos personagens o que vivemos atualmente. O filme é sobre alguém com boas intenções, que acaba sendo jogado em uma situação que não quer. E, mesmo tentando seguir na direção oposta de seu pai, não consegue por causa das instituições. Pensando nos dias de hoje, a minha geração busca um caminho diferente, falando das condições climáticas, da igualdade de gênero. Falamos bastante porque há muito a ser dito. Mas as instituições estão aí, seguindo os mesmos moldes de sempre”, analisa Chamalet.

O ator se mostra bastante sério quando o assunto é sua carreira —“Quero fazer projetos interessantes, estar em filmes que me desafiem”, disse o jovem astro que, nos próximos meses, também será visto no novo filme de Woody Allen "Um Dia de Chuva em Nova York", no remake de "Adoráveis Mulheres" de Greta Gerwig, em "The French Dispatch", de Wes Anderson e ainda no aguardado "Duna", de Dennis Villeneuve. “Passei os últimos 22 meses dentro de sets de filmagens e só posso agradecer por isso, porque estou fazendo o que amo.”

Mas Timothée Chalamet também se diverte enquanto trabalha. Ele brincou com o fato de participar de uma grandiosa cena de batalha em "O Rei". “Quando você é criança e pensa em ser ator, seu desejo é montar a cavalo, usar armaduras e lutar com lanças (risos). Eu literalmente lutei na lama (risos). E tive dublês, algo que nunca tinha acontecido na minha carreira! Esse filme para mim foi um desafio, não tinha feito nada parecido”.

Sobre a fama e o assédio do público, demonstra surpreendente tranquilidade. “Não penso muito sobre isso. Faço meu trabalho e fico feliz que os jovens queiram assistir. É legal inspirar coisas boas”, finaliza, antes de sair para mais uma série de fotos e entrevistas com seu famoso cabelo despenteado e sem o menor jeito de estrela de cinema.

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