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Cinema

'Cicatrizes' traz história de bebê desaparecido na Sérvia sem seguir a linha filme-denúncia

O longa, quase com um formato de thriller, leva o mistério e a dúvida até a última cena

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Cicatrizes

Avaliação: Bom
  • Quando: Estreia nesta quinta (13)
  • Classificação: 12 anos
  • Elenco: Snezana Bogdanovic, Marko Bacovic, Jovana Stojiljkovic
  • Produção: Sérvia, 2019
  • Direção: Miroslav Terzić

Mais de 300 famílias, na Sérvia de hoje, buscam bebês desaparecidos nas últimas décadas por conta de uma máfia de sequestros que envolve autoridades, médicos e políticos. A prática é avisar a família de que a criança nasceu morta e, logo, vendê-la para adoção.

“Cicatrizes” mostra este drama, mas sem seguir a linha do filme-denúncia, pois não relata a problemática social como um todo.

Acompanhamos, sim, a busca silenciosa e determinada de uma mulher que têm certeza de que seu filho, que teria nascido morto havia 18 anos, foi vítima dessa prática, e que esteja talvez ali, num dos bairros de uma silenciosa e perigosa Belgrado dos dias atuais. O filme tem um ritmo de suspense quieto e angustiante. 

Enquanto, na superfície, Ana (Snežana Bogdanović) continua realizando seu trabalho, caminhando até o ateliê de costura e realizando os trabalhos domésticos, vemos que sua mente segue inquieta. 
Ela é a única em sua casa que passou todo esse tempo sem acreditar na morte do filho. 

De forma repetida e calada, ela segue pistas evasivas e um tanto às cegas pela cidade. 

Basta surgir uma dúvida, uma pequena pista, e ela sai seguindo pessoas, colocando-se, algumas vezes, em perigo. Em casa, o marido, Jovan (Marko Baćović), e a filha adolescente, Ivana (Jovana Stojiljković), não aguentam mais sua obsessão.

Trata-se de uma família simples, enquanto Ana é costureira, Jovan é guarda noturno, o que faz com que Ana passe longas noites sozinhas numa dramática semivigília em que o pensamento em seu filho está sempre com ela. 

Já Ivana passa os dias desaparecida com a atenção posta em seu celular.

Jovan e Ivana demonstram uma distante solidariedade a Ana, mas parecem preferir deixar de sofrer e aceitar a explicação dada por tantos delegados, burocratas do sistema e de funcionários de clínicas de que a criança, de fato, não vingou. 

Apenas Ana não acredita que isso não é verdade e persiste, até que uma pista mais concreta muda as coisas. 

Inesperadamente, é Ivana quem ajuda a aliviar o sofrimento da mãe, enfrentando com ela a investigação dessa nova possibilidade, talvez a última, que os leva até um bairro mais nobre de Belgrado, onde vive uma família mais abastadas que tem um filho da idade do que teria o de Ana.

As injustiças não param aí, mas um ciclo se fecha, dentro dessa ferida ainda aberta da sociedade sérvia. 

O filme, quase com um formato de thriller, leva o mistério e a dúvida até a última cena. E há grandes méritos também na fotografia, que mostra uma cidade com cicatrizes não apenas como a deixada na família de Ana, mas como as causadas por tantos anos de conflito.

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