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Medo do coronavírus não afugenta carioca dos bares e restaurantes da Lapa

Apesar de estado de emergência, ruas do bairro boêmio permaneceram lotadas no fim de semana

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Rio de Janeiro

A sexta-feira (13) foi uma noite como outra qualquer no bairro da Lapa, que reúne grande número de barzinhos, restaurantes e ambulantes nas ruas centrais do Rio de Janeiro. Isso apesar de o governo do estado ter decretado, naquele mesmo dia, a suspensão atividades que envolvam aglomeração de pessoas.

A prefeitura também havia anunciado estado de atenção e cancelado alvarás que permitem a realização de eventos.

De visível, apenas o cancelamento do show do Paralamas do Sucesso no Circo Voador, que fica embaixo dos arcos da Lapa. Por voltas das 22h, horário do início do show, o gerente da casa, Josué de Souza, se mantinha de prontidão na bilheteria para explicar aos desavisados.

“Acho que vieram umas 200 pessoas que não sabiam do cancelamento, uns 10% do total de ingressos vendidos”, disse.

Mas alguns dos espectadores dos shows não se abalaram e, em vez de irem para casa, foram ajudar a lotar os barzinhos da região. Uma dessas pessoas disse “Quem não morre não vê Deus” e sambou, com um pote de gel nas mãos.

Jussara de Freitas, vendedora da banca de cigarros em frente ao Bar do Augusto, sentenciou: “O povo tá bebendo, tá comendo, tá fumando, tá rindo e não tá nem aí”. A hostess do boteco, Debora Sampaio, confirmou que os clientes não pareciam preocupados. “Aqui, só vejo os funcionários falando disso.”

Na rua com três amigas, a assistente social Erica Cristina se disse escaldada: “A gente já passou por H1N1, tomamos água da Cedae, sou governada pelo Crivella na prefeitura, Witzel no governo e Bolsonaro na Presidência, somos vítimas de balas ‘achadas’, sou mulher. Você acha que vou ter medo de vírus chinês?”, brincou. Mas afirmou em seguida que começaria a levar a quarentena em consideração.

No Pub Kriok (lê-se ca-rio-ca), o gerente Rafael Freitas disse que a lotação não era a mesma de sempre, mas que ela cai um pouco nas semanas pós-Carnaval. A garçonete, bargirl e faxineira (“sou mil e uma utilidades”) Monique Catatani foi uma das poucas pessoas no bairro que já haviam mudado sua rotina.

“Normalmente trabalho com luva de borracha em uma das mãos. Mas agora estou com ela nas duas.” A precaução veio seguida de um apelido: agora ela é chamada de Carrancavírus pelos colegas.

No famoso Bar da Lapa, o show de samba estava a toda, e o público se aglomerava na pista. O gerente, Wallace Pinto, relatou a mesma queda pós-carnaval do Kriok, o que fez a hostess anunciar aos na esquina que estava abaixando o preço da entrada de R$ 30 para R$ 20. E, como no bar do Augusto, disse que a preocupação ali parecia ser apenas dos funcionários.

O único local visitado que realmente relatou uma queda nesse fim de semana foi um bar de sinuca, cujo gerente pediu anonimato. “Eu tinha seis aniversários programados aqui para hoje. Três deles desmarcaram por causa do coronavírus.”

Ele mostrou a troca de mensagem com um dos aniversariantes: “Boa noite, eu tinha uma festa marcada aí hoje para 20 pessoas, mas vou cancelar. O governo pediu que atividades com aglomeração fossem suspensas. Vou respeitar.”

Por outro lado, os que foram afinal comemorar aniversários, manifestavam preocupação diversa: “Vocês vão abrir, né? Ufa, ainda bem”, escreveu um deles.

Em tempo: sobre o Circo do Voador, quem comprou seus ingressos na bilheteria pode receber o dinheiro de volta no local. Quem adquiriu com cartão será ressarcido com um estorno. O mesmo em relação ao show desta sexta (20) com a banda italiana de power metal sinfônico chamada Turilli/Lione Rhapsody.

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