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Billie Eilish era tratada como uma estrela anos antes da fama mundial

Repórter relata entrevista com cantora americana quando ela estava em ascensão

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São Paulo

Era uma tarde cinza e com temperatura próxima de zero em Amsterdã. Ignorando o frio intenso de fevereiro, uma fila de centenas de adolescentes se formava na porta do Melkweg, uma casa de shows na região central da capital holandesa onde tocam bandas descoladas, horas antes da apresentação daquela noite.

A atração era uma cantora americana de cabelo acinzentado e menor de idade que eu desconhecia. Meu colega me assegurou que ela era importante e estava no hype, o que deduzi pela multidão do lado de fora e pelos pouco mais de 15 minutos alocados pela gravadora para a entrevista. À época, nos primeiros meses de 2018, eu estagiava como repórter de música no FaceCulture, um canal de YouTube local, dando meus primeiros passos no que hoje faço profissionalmente.

Billie Eilish —que acaba de lançar seu segundo disco, "Happier Than Ever"— entrou acompanhada de sua mãe, que ficou ao seu lado durante toda a entrevista, junto com a assessora de imprensa holandesa. O entorno já tratava a cantora, então com 16 anos, como celebridade, seja pelo controle estrito dos minutos dedicados aos jornalistas, seja pela gritaria quando ela abanou para os fãs na entrada, que a podiam ver através de um vidro.

Eilish estava em sua segunda turnê internacional, divulgando as músicas do EP “Don’t Smile At Me”, lançado em meados de 2017 e, portanto, anterior ao álbum que a consagrou dois anos mais tarde, “When We All Fall Asleep, Where Do We Go?”. Algumas imagens desta turnê estão registradas no documentário “Billie Eilish: The World's a Little Blurry”, lançado em fevereiro.

Naquela ocasião, fiquei responsável pela câmera e pela captação de áudio, e meu colega fez as perguntas. Revendo a entrevista, três anos e meio mais tarde, noto que Eilish já tinha uma postura descolada e também um pouco madura, elaborando longas respostas sobre como lidava com seus sentimentos, por exemplo.

“Escrever não é uma cura, de modo algum. Pode ajudar, mas escrever músicas e escrever como você se sente não vai mudar nada. Isso apenas torna você mais ciente. Você pode ser a pessoa mais deprimida no mundo e escrever uma canção sobre isso e ainda ser a pessoa mais deprimida no mundo. Você é a única pessoa que pode mudar você. Isso é com você, não com a música”, ela disse.

A expectativa na fila do lado de fora virou histeria durante o show, como dá para ver pelos vídeos da apresentação disponíveis no YouTube, gravados por fãs que gritam bastante enquanto Eilish pula para lá e para cá em cima do palco. A cantora tocou apenas seis músicas, tendo se apresentado no maior espaço da casa, uma sala com capacidade para 1.500 pessoas. Os ingressos —ao preço de € 17, cerca de R$ 100 pela cotação atual— estavam esgotados.

“Esta jovem senhora tem um talento tremendo que, sem dúvida, vai florescer mais em sua carreira vindoura”, anunciava a casa de shows em seu site. Eles certamente não sabiam o quanto. Com dois discos que alcançaram sucesso mundial e um punhado de prêmios Grammy na estante, a maior cantora pop da atualidade voltará a Amsterdã no ano que vem, quatro anos e meio depois daquele show. Desta vez, tocando num dos maiores estádios da Holanda, para 17 mil pessoas.

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