'Tick, Tick... Boom!' esbanja talento de Andrew Garfield
Homenagem musical ao universo do teatro dos Estados Unidos remete a 'Rent' em saga de jovem compositor
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
O que primeiro chama a atenção em "Tick, Tick... Boom!" é Andrew Garfield. Já se sabia que o ator era mais que um super-herói de matinê, com trajetória ainda curta mas consagrada, pelo espectro de emoção que demonstra. Não se sabia porém de seu potencial vocal, para o canto.
Ele próprio não sabia, pelo que diz Lin-Manuel Miranda, o diretor. É curioso que seja Garfield, quase um iniciante, a incorporar —e de maneira tão arrebatadora-- esta grande homenagem ao teatro musical americano recente.
Depois do célebre "Hamilton", Miranda já compôs para animação, atuou em filme e série, teve musical seu adaptado para cinema, mas só parece ter encontrado agora o seu lugar em Hollywood.
A direção de "Boom!" é atenta, detalhada e inventiva, desde a ampliação da história para além do "monólogo rock" original, de três décadas atrás. Mas também e sobretudo nos quadros musicais filmados quase como vídeos, remetendo à cultura pop da época.
É difícil achar um deslize sequer. Miranda não se dedicou à direção no teatro musical, em que o compositor é o centro da criação, e consegue um feito no cinema, em que o diretor também está no centro.
Jonathan Larson, o compositor e letrista de "Tick, Tick... Boom!", além de ator e personagem, é declaradamente o herói de Miranda no teatro. Como conta desde sempre, foi ao ver "Rent", também de Larson, ainda adolescente em 1996, que ele se aproximou dos musicais.
Foi quando percebeu que o teatro era seu contemporâneo e poderia dialogar com o que acontecia então, em música popular e no cotidiano de sua juventude nova-iorquina, sem se isolar num nicho, para iniciados. "Rent" foi para ele, como para muitos então, transformador.
"Boom!" já foi encenada no Brasil, a partir de 2001, quando deixou de ser monólogo e ganhou complexidade. Para o espectador, antes de mais nada anuncia, em algumas canções e muitas situações, "Rent". A cena de homenagem mais explícita ao teatro musical americano recente se passa numa lanchonete, onde o protagonista ainda tem que ganhar seu sustento, junto com outros aspirantes às artes.
O quadro, "Sunday", é uma adaptação, quase uma paródia, da música de mesmo nome em "Sunday in the Park with George", de Stephen Sondheim, morto em novembro. Na versão de Larson e agora Miranda, em vez de um pintor criando sua obra com equilíbrio, tensão e outros elementos, é um garçom —o protagonista, aspirante a compositor-- e seus clientes no "brunch" de domingo.
São eles, entre outros, a Bernadette Peters que protagonizou aquela primeira montagem do musical de Sondheim, a Chita Rivera do "West Side Story" de 1957, também de Sondheim, o Joel Grey de "Cabaret", Renée Elise Goldsberry e Phillipa Soo de "Hamilton" e sobretudo Daphne Rubin-Vega e Adam Pascal, o par trágico de "Rent".
São muitos os quadros que envolvem a presença maior de Garfield. E não está só —é acompanhado pelo melhor amigo, feito por Robin de Jesús, já veterano de Broadway, e pela cantora Vanessa Hudgens, em duetos que confirmam como Garfield descobriu um horizonte musical para si mesmo em "Boom!".
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters