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Descrição de chapéu
Cristina Padiglione

Faustão poderia incluir moços, trans e outros perfis entre dançarinas

Bailarinas asseguram os holofotes na TV, mas até os sertanejos já incluiam meninos e meninas no palco há 30 anos

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São Paulo

Em 71 anos de TV no Brasil, poucos elementos asseguraram com tanta longevidade seu posto diante dos holofotes como as dançarinas de auditório. E lá estavam as bailarinas do Faustão na volta do apresentador à Band, 33 anos após ter deixado a emissora.

É notável como o genérico das chacretes segue inabalável no novo palco do Faustão. "Onde é que tem as garotas mais bonitas do Brasil?", reza a letra de uma das músicas coreografadas pelas profissionais na edição de estreia.

A julgar pela audiência do novo programa, que ampliou em 850% o saldo do horário das 20h30 às 22h40, ainda há uma gigantesca plateia interessada em acompanhar o rebolado das moças que honram "corpitchos" esbeltos.

Mas não se pode dizer que toda essa plateia estava ali só por isso. Conspiraram, para tanto, duas grandes apresentações musicais —Zeca Pagodinho e Seu Jorge com Alexandre Pires, ambos bem acompanhados de banda, orquestra e do coro do auditório, favorecido por um repertório de grandes sucessos interpretados pelos artistas no palco.

É verdade que as bailarinas do Faustão ganharam tecido ao longo desses 33 anos. As moças de Chacrinha ostentavam maiôs e biquínis mais cavados. Os closes de câmera ignoravam o pudor proclamado pela família brasileira.

E não é que o modelo das bailarinas não se repita em outros programas. Silvio Santos, até o início da pandemia, se servia de suas bem maquiadas moças de auditório, de preferência com fendas e decotes, o mesmo valendo para outros palcos do SBT.

Nos últimos 20 anos, R.R. Soares ocupou a faixa nobre da Band com o "Show da Fé", mas Faustão operou o milagre da multiplicação da audiência —para os parâmetros da Bandeirantes, bem dito. Ele bem poderia ter encampado uma revolução no velho conceito de suas dançarinas.

Que tal botar uns meninos? Ou abrir espaço para transexuais e silhuetas diferentes? O time de sertanejos capitaneado por Chitãozinho, Xororó, Zezé Di Camargo, Luciano e Leonardo e companhia já abraçava pluralidade maior de gêneros 30 anos atrás, com meninos e meninas no palco.

Na Globo, convém observar que Luciano Huck não aderiu ao modelo das bailarinas, até para ganhar algum distanciamento de seu antecessor, vá lá. Mas há coreografias nas apresentações de músicos convidados do "Domingão", e lá estão os rapazes dividindo espaço com as dançarinas, sim. Até porque as mulheres, e não os homens, são maioria na plateia de TV (assim como na vida real).

A presença de Anne Lottermann, ex-moça do tempo do Jornal Nacional, e João Guilherme Silva, seu filho, atualiza e diversifica o repertório de Fausto Silva, que faz 72 anos em maio.

Falta aos anunciantes acreditar na causa. O programa contou com intervalos bem recheados para os padrões da Band, incluindo marcas que frequentavam a atração na Globo e continuam a apostar no "Domingão", mas é notório como ele reduziu suas entradas em merchandising.

Com iluminação e disposição de cenário bem resolvidos, o auditório em nada ficou a dever ao padrão Globo.

No terreno da audiência, convém observar que a vice-liderança conquistada pela Band acabou empurrando a Record para a quarta posição em São Paulo, com média de 7,1 pontos. O SBT não se abalou e ficou com 7,6 de saldo.

A Globo liderou com 22,7 pontos. Os dados valem para a faixa das 20h30 às 22h40 na Grande São Paulo, e cada ponto equivale a 205.755 pessoas.

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