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Megan Fox é beldade ambulante em 'Até a Morte', supense raso

Atriz que atacou misoginia da indústria antes do MeToo não perde a maquiagem nem com risco de vida

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Até a Morte - Sobreviver é a Melhor Vingança

Avaliação: Regular
  • Quando: Estreia nesta quinta (9)
  • Onde: Nos cinemas
  • Classificação: 16 anos
  • Elenco: Megan Fox, Eoin Macken e Callan Mulvey
  • Produção: EUA, 2021
  • Direção: S. K. Dale

Em "Até a Morte - Sobreviver é a Melhor Vingança", há uma cena em que a atriz Megan Fox lava o rosto na pia de um banheiro. Assim que ela levanta a cabeça, seu reflexo no espelho revela um visual pronto para o Instagram, já com gloss nos lábios e blush nas bochechas —só falta o ventilador nos cabelos.

A beldade de 36 anos —demitida da franquia "Transformers" por comparar o diretor Michael Bay com Adolf Hitler— vive a personagem Emma, uma fotógrafa casada com o advogado Mark, papel de Eoin Macken — um babaca que decide o que a mulher veste ou come e ainda fala em "patrulha do politicamente correto".

Megan Fox em pôster do filme 'Até a Morte - Sobreviver É a Melhor Vingança', de 2021, dirigido por S. K. Dale - Divulgação

O neandertal, é claro, leva um par de chifres. Pouco antes do aniversário de casamento, no entanto, Emma decide terminar o caso com o amante Tom, interpretado por Aml Ameen, e dar uma chance ao marido. Depois de um jantar para comemorar as bodas, Mark surpreende Emma com uma viagem a um retiro romântico em pleno inverno.

Depois de uma noite de paixão à luz de velas, com direito a lareira acesa e pétalas de rosas espalhadas pelo chão, Emma acorda algemada a Mark. Sem delongas, ele saca uma arma, aponta para a própria têmpora e atira —o sangue espirra no rosto de Fox, sem acertar os olhos ou o cabelo, quase como se fosse uma máscara facial para a pele.

Cercada por quilômetros de neve, sem celular ou vizinhos por perto, Emma precisa encontrar alguma forma de se libertar do cadáver e procurar ajuda —mas o frio congelante não será o seu único inimigo. Misturando "Jogo Perigoso" com "Esqueceram de Mim", "Até a Morte" entretém, mas é prejudicado pela superficialidade.

Dirigido pelo estreante S. K. Dale, o suspense nunca permite que a protagonista fique feia, mesmo em seus momentos mais críticos. Sua maquiagem está sempre impecável, as madeixas minuciosamente desajeitadas, como se posasse para um ensaio fotográfico "mais à vontade". Quando chora, uma lágrima perfeita escorre pela face, sem um pingo de ranho saindo do nariz.

Na maior parte do tempo, Fox reage sem grandes emoções, como se fosse apenas um incômodo arrastar um morto pela casa e não um pesadelo assustador. O roteiro assinado por Jason Carvey também não colabora muito, distribuindo pouco mais do que um punhado de palavrões para a personagem exprimir a cada obstáculo.

Pouco elaborada, sabemos que Emma é fotógrafa, que não amava o morto e que tinha um caso, mas não há como atribuir alguma outra característica a ela. Sem personalidade definida, o papel depende inteiramente do compromisso da atriz, que não parece muito disposta a mergulhar na trama —até a relação com o amante parece rasa.

Nos Estados Unidos, Megan Fox conta com um certo estoque de boa vontade dos críticos, o que explica a avaliação positiva do filme no site Rotten Tomatoes. A atriz atacou a misoginia da indústria muito antes do movimento MeToo e a sua carreira sofreu por isso. Muitos torcem pelo seu ressurgimento, mas "Até a Morte" não é a melhor amostra do seu trabalho.

Com a força da atuação de Elisabeth Moss, "O Homem Invisível" ofereceu uma representação inteligente do fardo que a vítima de um relacionamento abusivo carrega, a paranoia constante de uma presença oculta. Em "Até a Morte", esse fardo é literal e bastante óbvio. Não há nada que provoque grande reflexão ou que não esteja explícito nos diálogos.

Superando toda a artificialidade, a sequência de circunstâncias absurdas e a falta de fundamento da obra, um espectador casual pode se divertir admirando a simetria do rosto harmonizado de Fox, analisando rotas de fuga e estratégias de sobrevivência ou vivenciando o "schadenfreude" básico de quando homens ruins se dão mal.

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