Amedeo Modigliani retratou os elementos da vida boêmia e cultural do século passado
Artista na Coleção Folha Grandes Pintores retratou rostos lisos, de olhos perdidos e lábios que expressam o indizível
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Amedeo Modigliani sempre esteve convencido de que nasceu para ser artista. Desde os 14 anos, já frequentava as primeiras aulas de desenho e, quando se tornou estudante de arte em Veneza, na Itália, passou a visitar museus.
As obras do início de sua formação, no entanto, foram quase todas destruídas por ele. Por isso o alto valor atribuído a "A Estrada Toscana", realizada por volta de 1898 e analisada agora no 18º volume da Coleção Folha Grandes Pintores, que tem como foco a trajetória do artista italiano.
"Um Estilo Singular" percorre todas as fases de Modigliani, enfatizando como ele chegou a ser seduzido pela escultura antes de se dedicar totalmente à pintura. Entre 1909 e 1914, por exemplo, ele esculpiu cabeças femininas que dialogavam tanto com contemporâneos como Brancusi quanto com máscaras africanas e estátuas budistas.
No Salão de Outono de 1912, chegou a expor sete delas, mas não conseguiu vender nenhuma. Com saúde debilitada e em difícil situação financeira, o artista ainda tentou trabalhar com mármore e, sem progresso, retomou os pincéis para não os abandonar mais.
Nos anos de 1910 e 1920, no trânsito entre Montmartre e Montparnasse, os dois principais polos artísticos de Paris, Modigliani realizou diversos retratos que evocam a cena boêmia e cultural da época.
Segundo o escritor franco-mauriciano J. M. G. Le Clézio, o artista italiano retratou rostos lisos, de olhos perdidos e lábios que expressam o indizível. E, ao pintar tudo isso, estava construindo "o seu mundo", "um mundo de silêncio", onde "só os signos são reconhecíveis, porque tudo foi despojado, posto a nu, restituído ao estado original".
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