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Gal Costa

Tom Zé: Pensar em Gal me lembra que meu rosto pode sorrir

Ela gravou 'Namorinho de Portão' e 'Por Baixo', canções que escrevi, era a pessoa mais sofisticada da Tropicália

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Tom Zé
São Paulo

Nos anos 1960, tínhamos duas amigas que estudavam dança e que conheciam Gal Costa. Caetano Veloso foi quem ficou mais interessado e foi lá ver. Ela era sempre simpática, amiga e começamos a cantar nos ensaios para a inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador. Nossa turma da Tropicália faria ali uma série de apresentações.

Gal Costa em apresentação - Joca Duarte/Photopress

Nos ensaios, ouvir a voz de Gal era um deleite, parecia um feitiço —a afinação, o timbre, a maturidade com que ela ouvia os temas e logo falava dele, primeiro nesse universo da bossa nova. Em 1965, voltamos a cantar todos juntos, eu, ela, Maria Bethânia, Caetano e Gilberto Gil no espetáculo "Arena Canta Bahia", no Teatro de Arena, sob direção de Augusto Boal. Era uma história de retirantes.

Foi interessante, porque nesse momento descobrimos que a Bahia não era só a gente, as pessoas gostavam de muitas coisas.

Depois, com o disco "Domingo", que ela fez com Caetano, veio a confirmação de que aquilo que eu havia ouvido era aquilo mesmo. Só a gravação nos dá essa dimensão. Certa vez, quando ela já conhecida João Gilberto, eles cantarolaram juntos "Namorinho de Portão", uma música minha que Gal gravou em 1969.

Lembro que ela se interessou pela canção rapidamente. A letra falava de um passado imediato, depois de uma revolução comportamental que, de certa forma, nós contribuímos para que acontecesse. Quase meio século depois, ela gravou "Por Baixo", uma canção minha que dizia exatamente o oposto —a letra fala de uma mulher que vai tirando toda a roupa.

Gal era a coisa mais fina, o que havia de mais sofisticado na Tropicália. Pensar em Gal me lembra que eu o meu rosto pode sorrir.

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