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José Simão

José Simão: Gal Costa não morreu, ela ficou encantada

Quando ela gritava da coxia 'honey baby', o público entrava em delírio; 'Fa-Tal' foi um show histórico

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José Simão

Colunista da Folha

Estou numa tristeza. A ficha ainda não caiu. Eu ainda não digeri a morte de Gal. Nem chorar eu consegui.

Ela era a dona dos mais belos trinados do planeta. Era um passarinho, e muita gostosa também, com aqueles lábios de fogo pintados de vermelho, que eram a marca dela.

Eu encontrava com a Gal nos anos 1970 todo dia na praia de Ipanema, no famoso ponto que depois foi apelidado de "as dunas da Gal" [local onde se reuniam artistas e descolados].

José Simão, de camisa amarela, Baby Consuelo, Gal Costa e Pepeu Gomes - Ivan Cardoso -1971/acervo pessoal

Toda noite eu ia assistir ao show dela. Quando ela gritava da coxia "honey baby", o público entrava em delírio, todo mundo gritava "uaaaau", era um delírio. Foi um show [Fa-tal] histórico, um dos mais lindos que vi até hoje. João Gilberto assistiu escondidinho na última fila.

Na foto que tirei com ela e Baby Consuelo, a polo amarela de cetim que visto é um pedaço do cenário do show. Sobrou um pedaço, eu peguei e fiz uma polo.

Eu não era tiete da Gal, eu era fanático pela Gal. A minha amiga amada.

Como dizia João Guimarães Rosa, "as pessoas não morrem, ficam encantadas". Então ela está assim, encantada.

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