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Moto Harley-Davidson será produzida fora dos EUA para fugir de guerra comercial

Empresa estimou que tarifas mais altas elevariam em US$ 2 mil o preço de cada moto exportada

Motoqueiro em Harley-Davidson na Alemanha - Fabian Bimmer/Reuters

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Amie Tsang
Nova York | The New York Times

A fabricante de motocicletas americana Harley-Davidson anunciou na segunda-feira (25) que transferiria parcela da produção de suas motos para fora dos Estados Unidos, a fim de evitar tarifas impostas pela União Europeia como parte de uma disputa comercial que está se expandindo.

O anúncio, que surgiu em documentos encaminhados às autoridades financeiras, é um sinal inicial do custo financeiro em que companhias dos dois altos do Atlântico incorrerão caso Estados Unidos e União Europeia imponham tarifas e contratarifas.

Medidas recentemente anunciadas indicam a possibilidade de uma guerra comercial aberta, dada a postura protecionista adotada pelo governo Trump com relação tanto a aliados como o Canadá, México e União Europeia, quanto a rivais como a China.

Na semana passada, a União Europeia impôs penalidades a US$ 3,2 bilhões em produtos americanos, muitos dos quais fabricados em áreas que formam o coração da base política do presidente Donald Trump, em resposta a tarifas impostas pela Casa Branca à importação de aço e alumínio.

A lista inclui bourbon do Kentucky, o estado de Mitch McConnell, líder da maioria republicana no Senado; suco de laranja, produzido principalmente na Flórida, um estado cujas preferências políticas oscilam; e as motocicletas da Harley-Davidson, sediada no Wisconsin, o estado de Paul Ryan, o presidente republicano da Câmara dos Deputados.

A Harley-Davidson anunciou na segunda-feira que as tarifas da União Europeia sobre as motocicletas subiram de 6% para 31%. A empresa estimou que as tarifas mais altas elevariam em cerca de US$ 2 mil o preço de cada motocicleta exportada dos Estados Unidos à União Europeia; por isso, a empresa disse que transferiria a produção de motos destinadas ao mercado europeu para fora dos Estados Unidos.

A empresa vendeu cerca de 40 mil motos novas na Europa no ano passado, o equivalente a um sexto de suas vendas mundiais, o que torna a região o seu segundo mercado mais importante, abaixo apenas de seu país de origem.

"A Harley-Davidson acredita que a forte alta de custos, se repassada às concessionárias e compradores, teria impacto negativo imediato e duradouro sobre seus negócios na região, reduzindo o acesso dos consumidores aos produtos Harley-Davidson e afetando negativamente a sustentabilidade dos negócios de suas concessionárias", afirmou a companhia na documentação encaminhada às autoridades.

A Harley-Davidson disse que a alta das tarifas elevaria seus custos em entre US$ 30 milhões e US$ 45 milhões pelo restante de 2018. A empresa informou que transferir produção para fora dos Estados Unidos demoraria entre nove e 18 meses.

Ela afirmou que planejava manter seus preços para os compradores europeus durante a transição, o que significa que absorverá quaisquer custos tarifários. A Harley-Davidson não informou quantos empregos seriam afetados nos Estados Unidos.

A companhia, que deve oferecer mais detalhes sobre a transferência no mês que vem, ao reportar seus resultados no segundo trimestre, já vinha transferindo parte de sua produção ao exterior há alguns anos, o que erodiu um pouco sua imagem como uma marca americana emblemática.
 
Tradução de PAULO MIGLIACCI

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